Osso oco de animal descoberto na Holanda revela estoque de sementes venenosas e alucinógenas utilizadas pelos romanos antigos
Éric Moreira Publicado em 08/02/2024, às 10h07 - Atualizado às 10h24
Em 2017, foi encontrado no antigo assentamento rural do período romano de Houten-Castellum, na Holanda, o fêmur de um animal — provavelmente uma cabra ou ovelha — esculpido que teria servido, no passado, como um recipiente para armazenar centenas de sementes venenosas. Datado de quase 2 mil anos atrás, esta é a primeira evidência física de que o meimendro-preto era utilizado pelas pessoas no Império Romano.
Conforme descrito por um estudo recente, publicado na revista Antiquity, o meimendro-preto é uma planta altamente venenosa da família das beladuras. Ele é apreciado há muito tempo por suas propriedades medicinais e efeitos alucinógenos.
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Os arqueólogos determinaram que as sementes foram colocadas deliberadamente no osso, que media cerca de 7,2 centímetros e era tampado com casca de bétula preta. O objeto data de entre os anos 70 e 100 d.C., e é o primeiro caso conhecido dessas sementes sendo armazenadas para uso posterior.
A descoberta é única e fornece provas inequívocas do uso intencional de sementes de meimendro preto na Holanda romana", afirma Maaike Groot, zooarqueólogo da Universidade Livre de Berlim e principal autor do estudo, em comunicado.
Segundo o Live Science, as sementes apoiam registros escritos clássicos, que colocam o meimendro preto como uma planta utilizada no período romano, embora ele seja mais descrito por suas propriedades medicinais que como uma droga recreativa. Um exemplo é o autor romano e naturalista Plínio, o Velho (23 d.C. - 79 d.C.), que escreveu que as sementes da planta poderiam causar "insanidade e tontura".
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"Nosso estudo contribui para a discussão de como distinguir uma erva daninha que ocorre naturalmente em assentamentos arqueobotânicos e uma planta usada intencionalmente pelas pessoas", pontua Groot. "Argumentamos que futuras descobertas de meimendro-preto devem ser estudadas tendo em conta o contexto da descoberta e a sua relação com outras plantas medicinais."
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