Em entrevista ao PodPah, Rodrigo Santoro, que viveu a travesti Lady Di em Carandiru, diz que sua personagem sofreu com o preconceito
Fabio Previdelli Publicado em 14/07/2022, às 15h47
Dirigido por Héctor Babenco, ‘Carandiru’ (2003) é uma das grandes produções do cinema brasieliro. Em entrevista ao podcast PodPah, o ator Rodrigo Santoro revelou como foi viver a travesti Lady Di no longa.
Para compor sua personagem, o ator conta que conversou com pessoas trans para entender melhor como elas viviam. "O que eu tinha entendido é que o mais importante era a alma feminina [da personagem]”.
Conversei com uma transexual aqui em São Paulo e ela me falou: 'é tão difícil me sentir uma mulher presa em um corpo de homem. Sinto que nasci no corpo errado.' Aquilo foi muito tocante para mim", disse Santoro.
O intérprete de Lady Di diz que a experiência foi fundamental para que interpretasse sua personagem da melhor maneira possível. "Ali na hora, eu fui numa sensibilidade feminina. Como se fosse uma mulher mesmo, independente do corpo que eu tinha. E foi exatamente o que atraiu o diretor. Ele disse: 'adorei isso'".
Apesar do sucesso do filme, Santoro recorda que seu papel não foi bem aceito pelo público da época. "Provavelmente o público feminino, que estava acostumado a me ver mais como galã na televisão, não conseguiu digerir, não conseguiu lidar com essa situação. Elas iam embora do cinema".
A parte que mais ‘incomodava’ os espectadores, segundo o ator, era quando sua personagem se casava com Sem Chance (Gero Camilo). Ao fim da cerimônia, os dois se beijavam na boca.
Me falaram que [isso] estava rolando e eu falei: 'vou ao cinema [para confirmar]'. Fiquei atrás, agachadinho, já tinha começado a sessão, fiquei olhando... E era na cena do casamento. Na hora do beijo. Quando rolava o beijo, a pessoa levantava e ia embora. Eu vi acontecer", completou.
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