No ano de 2022, a descoberta de um bebê mamute mumificado impressionou pesquisadores, que o consideraram o mais preservado já encontrado na América do Norte
Giovanna Gomes Publicado em 06/04/2024, às 11h00 - Atualizado em 08/04/2024, às 19h13
Era uma manhã chuvosa de junho, no ano de 2022, quando o mineiro Travis Mudry se deparou com algo surpreendente em meio às minas de ouro de Klondike, no território canadense de Yukon.
Ele cortava uma parede de permafrost quando um grande pedaço de terra congelada se soltou, revelando algo incomum: restos de um animal escuro, brilhante e de pernas curtas. A princípio, o homem pensou que estaria diante de um bebê búfalo mumificado, mas, ao examinar a criatura com maior atenção, notou a presença de uma tromba.
Impressionado com o que achara, Mudry imediatamente ligou para seu chefe, Brian McCaughan, gerente geral e diretor de operações da empresa familiar de mineração de ouro Treadstone Equipment, que ordenou que todo o trabalho fosse interrompido.
Pouco depois, Grant Zazula, paleontólogo do governo de Yukon, receberia por e-mail a imagem de uma fêmea de mamute-lanoso congelado.
Ela é linda, um dos animais mumificados da Era do Gelo mais incríveis já descobertos no mundo", disse Zazula, segundo a revista Smithsonian.
O paleontólogo se encontrava em Whitehorse, a cerca de seis horas de distância do local da descoberta, em Eureka Creek, ao sul de Dawson City, quando recebeu a notícia.
Assim, para recuperar o mamute, ele contou com a ajuda de dois geólogos, um do Serviço Geológico de Yukon e outro da Universidade de Calgary, que correram para o local e recuperaram os restos mortais menos de uma hora antes da chegada de uma tempestade.
Uma vez seguro, o mamute foi envolto em uma lona e levado para um local próximo, onde se encontravam reunidos pesquisadores, mineiros, políticos e anciãos do povo Tr'ondëk Hwëch'in. Lá, os anciãos deram à criatura o nome de "Nun cho ga", que significa "grande animal bebê" na língua Hän.
A partir de uma rápida análise, Zazula sugeriu que Nun cho ga era uma fêmea e que provavelmente tinha cerca de um mês quando morreu há mais de 30.000 anos. A geologia do local onde os restos mortais foram encontrados sugere que ela provavelmente pastava pelo campo quando saiu do lado de sua mãe e acabou ficando presa na lama.
De acordo com o portal Smithsonian, o permafrost de Yukon atuou como um freezer natural, preservando seus tecidos moles, como músculos, pele e cabelo, bem como informações importantes como o DNA.
Durante o período de glaciação de Wisconsin, que começou entre 100.000 e 75.000 anos atrás, a região era um refúgio para animais da Era do Gelo, incluindo mamutes, bisões e cavalos.
Os especialistas destacam que a cidade de Dawson — que hoje conta com uma densa floresta — localizada perto do centro do Yukon, possuía uma paisagem muito diferente no tempo de Nun cho ga: era seca e congelante.
Os pesquisadores seguem estudando o achado a fim de saber mais sobre o tempo em que o bebê mamute viveu.
"Foi uma descoberta notável para nossa Primeira Nação, e estamos ansiosos para colaborar com o governo de Yukon nos próximos passos para com esses restos mortais de uma forma que honre nossas tradições, cultura e leis", disse a chefe da Trʼondëk Hwëchʼin, Roberta Joseph, no comunicado.
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