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Pedofilia

Relatório revela mais de 600 crianças vítimas de pedofilia em diocese alemã

O documento indica 610 crianças, mas o número de vítimas pode chegar a 6 mil

Éric Moreira Publicado em 14/06/2022, às 13h11

Em relatório independente elaborado por cinco especialistas da Universidade de Münster, no oeste da Alemanha, casos de pedofilia da diocese de Münster foram analisados e catalogados em um prazo de 75 anos — de 1945 a 2020.

Segundo o relatório, apresentado na última segunda-feira, 13, 183 sacerdotes são implicados, com a confirmação de 610 crianças tendo sido abusadas no local, mas com um número real de vítimas que pode chegar a 6 mil.

O estudo acabou por refletir um "espantoso histórico", de acordo com Klaus Grosse Kracht, um dos autores. Segundo ele, os responsáveis "calaram, guardaram silêncio e só intervieram superficialmente quando foi necessário para evitar um escândalo público", denunciou.

Para Natalie Powroznik, outra autora, o número real de vítimas deve ser "entre 5 mil e 6 mil meninos e meninas", acrescentando outros estudos sobre o alcance da pedofilia na igreja católica alemã desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

O relatório indica que, em média, dois atos de abuso infantil aconteciam por semana na diocese, durante as décadas de 1960 e 1970. No total, 196 clérigos foram identificados, o que corresponde a mais de 4% do bispado; e, destes, 90% nunca foram processados ou denunciados.

Outras denúncias

Diversas outras denúncias relacionadas a abuso sexual infantil na igreja católica foram registradas ao longo do tempo. Um dos maiores nomes implicados nas denúncias consiste no do papa emérito alemão Bento XVI, enquanto ainda arcebispo na Baviera. 

Um escritório de advocacia teria produzido um outro relatório em questão, em que acusava o antigo papa de inação diante da violência sexual, não impedindo o abuso contra crianças.

Estima-se que na arquidiocese de Munique-Freising — onde Bento XVI exercia a função clerical —, entre 1945 e 2019, ao menos 497 pessoas, em sua maioria crianças e adolescentes, sofreram agressões sexuais. O ex-papa afirmou nunca ter ocultado tais atos.

Bento XVI exercendo a função do papado / Getty Images
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