Mussolini ao lado de Hitler - Domínio Público
Segunda Guerra

Relação entre Mussolini e Hitler é detalhada em novo livro

'M, os últimos dias da Europa,' de Antonio Scurati, esmiúça relação entre Il Duce e o Führer, e também narra a entrada da Itália na Segunda Guerra

Fabio Previdelli Publicado em 02/04/2025, às 14h30 - Atualizado em 04/04/2025, às 18h04

Em 2025 celebra-se os 80 anos do fim do que foi o conflito mais mortal da história da humanidade: a Segunda Guerra Mundial. Detalhes do episódio são narrados em 'M, os últimos dias da Europa' (Editora Intrínseca)

No terceiro volume da tetralogia, uma epopeia literária sobre a vida de Benito Mussolini, o premiado autor Antonio Scurati revela um dos períodos mais dramáticos da 2ª Guerra, a entrada da Itália na disputa. 

Em 'M, os últimos dias da Europa'Scurati enquadra o fatídico triênio de 1938 a 1940, esmiuçando a relação entre o Duce e Adolf Hitler.

O projeto de Scurati, que ganhou adaptação para minissérie em 2025 e transformou o escritor em inimigo do atual governo italiano, traça um perfil inigualável do ditador fascista ao transformar uma extensa pesquisa histórica em uma ficção documental sobre as intimidades, as vaidades e os temores de Mussolini.

Mussolini e a Guerra

Após proclamar a anexação da Áustria, em maio de 1938, Hitler passou pela Itália para estreitar laços com Mussolini. Assim, os dois solidificam as relações entre seus regimes totalitários.

Capa do livro 'M, os últimos dias da Europa' - Divulgação

Se no passado o Duce tinha chegado a considerar o nazista um “maníaco sexual”, sua opinião sobre o alemão passou a se suavizar a cada encontro. E, ao acompanhar seus planos de expansão pela Europa, Mussolini julga ter mais a ganhar se aliando aos ideais despóticos do Führer do que se afastando deles.

No entanto, uma importante questão ideológica ainda distanciava as duas nações: o aspecto racial. A princípio apaziguador em relação à situação dos judeus, o tom de Mussolini muda radicalmente após a visita de Hitler, e a perseguição do governo italiano contra o povo hebraico passou a ser institucionalizada.

Além de ter agradado ao Partido Nazista, a aprovação da severa legislação antissemita também intensificou a pressão para que a aliança entre a Itália e a Alemanha se estendesse ao campo militar, o que gerava incômodo no líder italiano. Somaram-se às preocupações do Duce a invasão de Hitler à Tchecoslováquia e as primeiras conversas sobre o plano de agressão à Polônia.

No entanto, Il Duce sabia que já havia se comprometido demais com a ideia de um “Eixo Roma-Berlim” para voltar atrás. Nas palavras de Grigore Gafencu, ministro das Relações Exteriores romeno, Mussolini “via-se arrastado para um caminho que ele mesmo havia aberto, prisioneiro do sistema ao qual devia a vida e de paixões que ele havia desencadeado, rumo a um objetivo que parecia, pelo menos, incerto. Tendo provocado o vento, temia a tempestade”.

Quando a guerra finalmente eclode, Mussolini se encontra numa situação delicada. Sua alegação de que precisaria de um montante inimaginável de recursos para apoiar a Alemanha no conflito gerou mal-estar com o chefe do regime nazista, ao mesmo tempo que foi vista pelo continente como um ato de infidelidade e covardia.

Até que, confiante com as primeiras campanhas vitoriosas do Führer e envergonhado com a inércia do próprio país, o Duce rejeita os apelos de seu povo, de seus conselheiros, de chefes de Estado e até do Papa e toma a última das “decisões irrevogáveis”: lança a Itália em uma guerra da qual a nação jamais poderia sair vitoriosa.

Em 'M, os últimos dias da Europa', Antonio Scurati desenha com impressionante precisão as estruturas da guerra e mostra como Mussolini, escravo de seus delírios de grandeza, se curvou à barbárie e assumiu seu lugar na história como figura subalterna aos interesses de Hitler.

Ao nos transportar para um dos mais temerosos e vergonhosos períodos de todos os tempos, Scurati cria uma obra ao mesmo tempo essencial como documento histórico, inestimável como romance literário e potente advertência quanto ao nosso presente e futuro.

 

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