Tatuagem foi encontrada no pé direito de um indivíduo semi-mumificado enterrado no Cemitério do Mosteiro de Ghazali, no Sudão
Giovanna Gomes Publicado em 23/12/2024, às 14h30
Ao analisar os restos mortais de um indivíduo núbio medieval semi-mumificado enterrado no Cemitério do Mosteiro de Ghazali, no Sudão, uma equipe de pesquisadores identificou uma tatuagem em seu pé direito, marcando o segundo registro de uma tatuagem dessa época e região. A descoberta foi detalhada em estudo publicado na revista Antiquity.
O estudo, conduzido pelo candidato a Ph.D. Kari A. Guilbault, em colaboração com o Dr. Robert J. Stark e o Dr. Artur Obłuski, examinou os restos do indivíduo conhecido como Ghz-1-002, enterrado no Cemitério 1, área reservada para sepultamentos ad sanctos, próximos a locais de significado religioso.
De acordo com informações do portal Archaeology News, a datação por radiocarbono situou o período de vida do homem entre 667 e 774 d.C., com idade estimada entre 35 e 50 anos no momento da morte. Seu corpo, parcialmente mumificado devido ao clima árido do deserto de Bayuda, preservou detalhes únicos, incluindo a tatuagem.
Utilizando técnicas avançadas de imagem, como fotografia de espectro completo e tecnologia DStretch, os pesquisadores revelaram que a tatuagem, com dimensões aproximadas de 16 x 26 mm, apresenta um cristograma formado pelas letras gregas chi (X) e rho (P), acompanhadas pelos símbolos alfa (A) e ômega (Ω ou ω). Profundamente enraizados na tradição cristã, esses elementos representam Cristo como o início e o fim.
“Os símbolos da tatuagem há muito são representativos da fé cristã. O cristograma, introduzido pelo imperador romano Constantino, tornou-se um símbolo significativo na tradição cristã. O alfa e o ômega enfatizam o papel abrangente de Cristo, enquanto as representações de pés no Vale do Nilo muitas vezes denotam peregrinação a locais sagrados,” explicou Guilbault.
A tatuagem, posicionada em um local discreto e de acesso visual limitado, parece ser uma manifestação pessoal de devoção. No contexto do Vale do Nilo, a prática da tatuagem remonta a 3100 a.C., embora os desenhos antigos fossem, em sua maioria, geométricos ou botânicos e encontrados em corpos femininos.
A tatuagem de Ghazali, entretanto, é estilisticamente distinta, priorizando o simbolismo religioso. Um caso semelhante foi identificado anteriormente na coxa de uma mulher da Núbia medieval, com um monograma do Arcanjo Miguel.
O Mosteiro de Ghazali, ativo entre 680 e 1275 d.C., era um centro religioso significativo na região, com um complexo murado e cemitérios adjacentes. O Cemitério 1, onde Ghz-1-002 foi sepultado, ficava próximo ao mosteiro, indicando a escolha do local como um reflexo de piedade religiosa.
Embora não existam evidências diretas ligando Ghazali à prática de peregrinação, a tatuagem e o contexto do sepultamento sugerem uma conexão profunda com a espiritualidade e as tradições cristãs da época.
+ Confira aqui o estudo completo.
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