O baterista da banda-símbolo do rock britânico enfrentou diversas passagens trágicas durante a infância, adolescência e vida adulta
Wallacy Ferrari Publicado em 18/10/2020, às 09h00
Fazendo parte de uma das bandas mais importantes da história, Ringo Starr não teve um começo tão triunfal quanto sua participação nos Beatles. Diferente de Lennon, McCartney e Harrison, o baterista veio de uma família marcada pela instabilidade financeira em um bairro humilde.
Conforme relatado no livro de memórias 'The Beatles - A Biografia', Marie Maguire Crawford, vizinha de Ringo durante a infância, ele "não andava descalço e esfarrapado", mas "também lutava para sobreviver". Um marco disso foi aos três anos de idade, quando o pai do músico o abandonou, dificultando ainda mais a situação econômica da casa.
Com seis anos de idade, um baque ainda maior acometeu o pequeno; Starr rompeu o apêndice e, durante a recuperação, contraiu peritonite — inflamação que retarda a recuperação do revestimento peritoneal —, ficando internado por quase um ano inteiro no hospital infantil de Liverpool.
Em entrevista à Fresh Air, ele relembrou a desconfortável situação em que rasgou todos os pontos: "Eu fiquei internado por um ano, porque em seis meses eu estava ficando bem, mas me animei e caí da cama".
Adolescência e vida adulta
Não foi apenas na infância que Ringo sofreu com problemas de saúde. O futuro astro sofreu com tuberculose aos 13 anos de idade, numa época onde a doença era uma das potencialmente mais letais.
O músico atribuiu a infecção pulmonar pelo bairro onde viveu, que além de aglomerações, passava por uma crise sanitária: "Tinham, sabe, uns seis ou sete casos nas ruas e as pessoas estavam morrendo de tuberculose porque não tinha cura".
A doença foi responsável por fazer com que Ringo desistisse da escola, tendo de ser enviado para um centro de acompanhamento infantil com outras crianças para readaptar o sistema respiratório em um lugar melhor arejado.
Passou dois anos no local, sem conseguir retomar os anos letivos. Preferiu se dedicar a música, posteriormente conhecendo os colegas de banda e substituindo o baterista expulso Pete Best.
Apesar do sucesso alcançado com a banda, o fim do conjunto em 1970 conseguiu abalar o músico, encarando o alcoolismo, como relatou para a edição americana da Rolling Stone: "Eu não sabia como fazer nada sem estar bêbado".
Os problemas eram tamanhos que, após se desintoxicar, chegou a ir ao tribunal para impedir a estreia de um álbum que gravou na época que bebia cerca de 16 garrafas de vinho por dia.
Tragédias familiares
A desintoxicação e fases duras foram acompanhadas pela primeira esposa, a cabeleireira Maureen Cox, com quem se casou em 1965. Juntos, tiveram três filhos e atravessaram a "beatlemania" até o fim do grupo.
O casal se separou em 1975 a pedido de Ringo, resultando em um grande desconforto da ex-companheira — que tentou, sem sucesso, tirar a vida acelerando uma moto contra uma parede.
Posteriormente, ambos se casaram com outras pessoas e, aos poucos, adaptaram o relacionamento a uma amizade saudável para compartilhar a guarda dos filhos. O descobrimento de uma leucemia de Cox, no entanto, foi responsável por unir o ex-casal até os momentos finais de Maureen, com Ringo ao seu lado durante o falecimento em 1994, aos 47 anos de idade.
No ano seguinte, a terceira filha do músico, Lee Starkey, descobriu um tumor maligno no cérebro, tendo de drenar o líquido do crânio. O intenso tratamento radioativo conseguiu eliminar a doença, que voltou no ano de 2001. Curada, Lee acompanha o pai sempre que possível, fazendo questão de manifestar gratidão, amor e paz em suas aparições públicas.
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