Cientistas explicam que objetivo do estudo é prever como o descongelamento do permafrost pode provocar novas pandemias
Redação Publicado em 25/11/2022, às 16h09
Cientistas da Universidade de Marseille, na França, descongelaram e reviveram 13 vírus de até 48 mil anos que estavam adormecidos no solo congelado da Sibéria, chamado de permafrost. Apesar do procedimento parecer arriscado, os cientistas destacam que o intuito é compreender como o degelo da região pode ocasionar à disseminação de novos patógenos que possam causar emergências de saúde, como uma pandemia.
O estudo foi disponibilizado na plataforma BioRxiv e os pesquisadores descreveram os procedimentos como: “devido ao aquecimento climático, o degelo irreversível do permafrost está liberando matéria orgânica congelada por até um milhão de anos. Parte dessa matéria consiste em vírus que permaneceram adormecidos desde os tempos pré-históricos”.
Os 13 patógenos foram coletados de 7 amostras diferentes do permafrost, sendo que alguns deles vieram de fezes de mamutes congeladas e outros do estômago de lobos siberianos.
Após a coleta, os cientistas introduziram os vírus, em laboratório, numa cultura de amebas da espécie Acanthamoeba spp. O experimento, segundo eles, confirma a capacidade destes patógenos de “permanecerem infecciosos após mais de 48.500 anos passados em permafrost profundo”.
Os pesquisadores também acreditam que os estudos serão essenciais para identificar outros vírus de DNA que possam infectar humanos e animais:
É provável que o permafrost antigo libere esses vírus desconhecidos após o descongelamento. O risco tende a aumentar no contexto do aquecimento global, quando o degelo do permafrost continuará acelerando e mais pessoas estarão povoando o Ártico na sequência de empreendimentos industriais".
Em relação aos riscos do experimento, como de um vírus “escapar” do laboratório, eles ressaltam que buscaram por organismos que infectam amebas justamente pela distância evolutiva com humanos e outros mamíferos:
O risco biológico associado à revivescência de vírus pré-históricos que infectam amebas é, portanto, totalmente insignificante”.
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