"Acho que era o deus da morte para a maioria dos animais que viviam ao lado dele", afirmou autor do estudo, publicado hoje, 25
Isabela Barreiros, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 25/08/2021, às 14h05
Em 2008, pesquisadores descobriram restos fósseis de um antepassado das baleias que viveu há 43 milhões de anos durante uma expedição na Depressão Fayum, no Egito, liderada pelo paleontólogo Mohamed Sameh Antar.
Agora, como relata o portal LiveScience, os cientistas descreveram a espécie, a batizaram e publicaram um estudo com suas considerações no periódico Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences nesta quarta-feira, 25.
Os paleontólogos nomearam a espécie de baleia semiaquática, o que significa que ela tanto nadava quanto andava, em homenagem ao antigo deus egípcio da morte, Anúbis. Ela recebeu o nome científico Phiomicetus anubis.
Segundo o principal autor do estudo, Abdullah Gohar, da Universidade de Mansoura, no Egito, o animal "foi um predador ativo e bem-sucedido". Ele era uma fera que apresentava músculos da mandíbula que poderiam abocanhar presas facilmente.
Por conseguir se alimentar facilmente de outros menores que ele, como crocodilos, pequenos mamíferos e até mesmo filhotes de outras espécies de baleia, Gohar destaca: "acho que era o deus da morte para a maioria dos animais que viviam ao lado dele."
Outra característica que levou os pesquisadores a associarem a baleia ao deus da morte foi a semelhança entre o crânio encontrado com o fóssil da baleia e o crânio de Anúbis, enquanto a cabeça de um chacal.
A partir do estudo, os paleontólogos também identificaram aspectos importantes da espécie em novas características anatômicas como terceiros incisivos longos próximos aos caninos e grandes músculos em sua cabeça.
"Nós descobrimos como [suas] mandíbulas ferozes, mortais e poderosas eram capazes de rasgar uma grande variedade de presas", afirmou Gohar.
A espécie poderá ainda ajudar os cientistas a entenderem mais sobre a evolução das baleias. De acordo com Jonathan Geisler, do Instituto de Tecnologia de Nova York, que não participou da pesquisa:
"Este fóssil realmente começa a nos dar uma noção de quando as baleias saíram da região do oceano Indo-Paquistão e começaram a se dispersar pelo mundo".
Embora tenha sido um predador feroz, P. anubis também foi presa. Foi possível identificar três marcas de mordidas nos fósseis que “sugerem que ela já foi severamente mordida por tubarões", segundo Gohar. Ele aponta ainda que é provável que isso tenha acontecido enquanto os animais vasculhavam sua carcaça.
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