Ao todo, esses vídeos com informações falsas já bateram a marca de 21 milhões de visualizações
Fabio Previdelli Publicado em 17/01/2020, às 08h00
Um estudo, realizado em seis países pela plataforma de campanhas Avaaz, indica que o YouTube promove conteúdo desinformativo sobre as mudanças climáticas em sua plataforma. Ainda mais agravante é o fato de marcas reconhecidas ajudarem no financiamento desse conteúdo de maneira inadvertida.
A Avaaz analisou os vídeos que eram recomendados a usuários que buscassem termos como lobal warming (aquecimento global), climate change (mudança climática) e climate manipulation (manipulação climática) no período entre agosto e dezembro do ano passado.
Entre os 100 vídeos mais sugeridos pela plataforma — incluindo aqueles que aparecem como “recomendados” ao lado da tela ou que são exibidos automaticamente após outros vídeos — 16% deles, na busca por ‘aquecimento global’, continham informações comprovadamente falsas ou enganosas, segundo a equipe de checagem da Avaaz. Já os termos ‘Mudança Climática’ e ‘Manipulação Climática’ apresentaram percentuais de 8% e 21%, respectivamente, entre os vídeos mais recomendados.
Para comprovar a veracidade — ou falta dela — no conteúdo dos vídeos, a equipe da Avaaz comparou as informações com os dados divulgados por organizações comprovadamente confiáveis como o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), a Nasa, a Agência Oceânica e Atmosfera dos Estados Unidos (Noaa), além, é claro, de toda a literatura científica disponível.
Alguns dos vídeos possuem afirmações como: ‘não há ocorrência de mudança climática significativa’, ‘de que a ação humana não é realmente responsável por ela’ e até de que ‘não há muito que possamos fazer para reduzir ou suavizar seus impactos’.
"Descobrimos que o YouTube está levando milhões de pessoas a assistirem vídeos de desinformação sobre o clima todos os dias. Eles não estão apenas sendo postados no YouTube e vistos de maneira orgânica por audiências interessadas no tema — o algoritmo de recomendações do YouTube está promovendo esses vídeos gratuitamente, levando desinformação a quem não seria exposto a eles de outra forma", diz o relatório.
Os vídeos com informações falsas analisados pela Avaaz, bateram a marca de 21 milhões de visualizações. A analise foi realizada em países como Alemanha, Brasil, Espanha, Estados Unidos, França e Reino Unido.
Além da exposição de material enganoso a significativa parcela dos usuários, outro ponto que preocupa é o fato que os autores dos vídeos conseguem monetizar seus canais, ou seja, o YouTube repassa parte do que é arrecadado com patrocínio para esses ‘produtores de conteúdo’.
O estudo constatou que 108 empresas, incluindo grandes marcas mundiais, tiveram suas marcas divulgadas durante anúncios nesses canais. Para piorar a situação, a cada cinco anúncios publicitários, um deles pertencia a ONGs como o Greenpeace.
Segundo Flora Rebello Arduini, coordenadora de campanhas da Avaaz, 70% do conteúdo assistido no YouTube é acessado por meio das ‘recomendações’ da plataforma. "É uma audiência de 2 bilhões de pessoas [o número de usuários ativos mensalmente no YouTube], temos que considerar a magnitude e o alcance dessa plataforma".
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