O relatório sugere que as meninas devem frequentar a escola um ano antes dos meninos para aumentar a natalidade do país, entenda!
Maria Paula Azevedo, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 07/06/2024, às 18h04
Medidas adotadas pelo governo da Coreia do Sul para lidar com a crise na taxa de natalidade não são incomuns. No entanto, um relatório preparado por analistas do Instituto Coreano de Finanças Públicas, vinculado ao governo, gerou indignação ao propor uma solução para o problema: que as meninas comecem a frequentar a escola um ano antes dos meninos.
O documento, repercutido pelo The Guardian, partiu da premissa de que os homens tendem a se sentir atraídos por mulheres mais jovens, devido a um amadurecimento mais lento, enquanto, teoricamente, as mulheres prefeririam se casar com homens mais velhos.
Considerando que o nível de desenvolvimento dos homens é mais lento do que o das mulheres, fazer com que as mulheres entrem na escola um ano mais cedo poderia contribuir para que homens e mulheres se achassem mais atraentes quando atingissem a idade apropriada para o casamento", diz o documento.
Os analistas deduziram que se houve interesse em casamento, então há também disposição para iniciar um relacionamento amoroso, embora isso não garanta o sucesso da relação.
Para isso, o documento sugeriu a implementação de outras políticas, como aquelas que organizam encontros, melhoram as habilidades sociais e apoiam o autodesenvolvimento para aumentar a atratividade de uma pessoa para o sexo oposto.
Em uma entrevista ao jornal coreano mencionado pelo The Guardian, a professora de sociologia da Universidade Hallym, Shin Gyeong-a, criticou o conteúdo do relatório.
O fato de esse relatório, sem qualquer triagem, ter sido publicado em um país democrático, por um instituto de pesquisa estatal que avaliará medidas para lidar com baixas taxas de natalidade no futuro, nada menos que isso, é ridículo", disse a especialista.
Após as críticas, o centro de estudos afirmou que o relatório, financiado pelo Estado, refletia as opiniões dos autores e não representava necessariamente a posição oficial sobre as medidas governamentais destinadas a aumentar as taxas de natalidade.
A taxa de natalidade na Coreia do Sul despencou para 0,72, muito abaixo dos 2,1 necessários para manter a população atual de 51 milhões de habitantes. Esse índice coloca Seul como o país com a menor taxa de fertilidade dentro da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Esses dados, combinados com a longevidade dos sul-coreanos, uma das mais altas do mundo, representam uma séria ameaça de crise demográfica para o país.
Apesar dos bilhões de dólares investidos pelo governo para incentivar a natalidade, em 2023 o país registrou apenas 230 mil nascimentos, um mínimo histórico desde 1970. O fenômeno, segundo o Guardian, é resultado do alto custo de vida para criar e educar os filhos, da falta de habitação acessível e da expectativa de que as mulheres sacrifiquem suas carreiras para se dedicarem à família, ao invés de tentarem conciliar trabalho e vida familiar.
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