Encontradas em caverna na França, ossadas de 6 indivíduos explicaram como no Paleolítico os mortos eram tratados de modo simbólico
Vanessa Centamori Publicado em 16/06/2020, às 14h26
Uma pesquisa publicada no último domingo,15, no jornal científico PNAS, revelou hábitos funerários que são bastante incomuns, mas que foram uma realidade há pelo menos 25 mil anos, na região da França, no Período Paleolítico.
Para identificarem como os povos dessa época enterravam seus mortos, os pesquisadores investigaram uma caverna, que é patrimônio nacional da França, a Grotte de Cussac. Por lá, foram coletadas as ossadas de 6 indivíduos, que após dez anos de uma análise meticulosa, revelaram alguns fatos surpreendentes.
Segundo os pesquisadores, os mortos tinham grande significado há dezenas de milhares de anos. No caso, os cadáveres eram colocados em espécies de "cestas de hibernação", uma prática jamais documentada antes. Tais cestas eram cobertas com uma cor ocre avermelhada.
Além disso, os corpos eram arrumados de modo bastante peculiar. Em alguns casos, restos de mais de um indivíduo estão misturados e até selecionados. E na maioria das vezes, não havia ossos cranianos, mas havia dentes, o que mostra que o crânio costumava ser retirado.
"Isso revela que as pessoas da época estavam lidando com seus mortos, os manipulando e cuidando dos falecidos”, explicou em comunicado a pesquisadora Eline Schotsmans, da Universidade de Wollongong, na Austrália.
Ainda segundo a especialista, é possível que esse arranjo proposital de ossos e a cor ocre tenham sido resultado de um comportamento simbólico. Até porque as ossadas estavam na Grotte de Cussac, que é famosa por suas significativas e numerosas artes rupestres.
A caverna guarda mais de 150 obras eternizadas durante o Paleolítico, ornamentando os mortos. A ausência de ossos de crianças e bebês dentro do local, porém, indica que somente parte da sociedade era enterrada desse modo único — provavelmente apenas alguns adultos de grande relevância.
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