O motivo 'incômodo' que fez o ator Dirk Bogarde ser incluído em lista da KGB

Documentos recentemente desclassificados do MI5 revelam que o renomado ator Dirk Bogarde se mostrou "visivelmente perturbado" ao ser informado pelos serviços de segurança britânicos sobre sua inclusão em uma lista de indivíduos considerados "homossexuais praticantes" pela KGB.

A notificação advinha de uma fonte anônima que, após ser comprometida durante uma visita a Moscou nos anos 1950, havia passado os nomes de seis homossexuais britânicos aos agentes russos.

Embora tenha falecido em 1999 e nunca ter se assumido publicamente, Bogarde viveu com seu parceiro de vida e empresário, Anthony Forwood. A relação deles era bem conhecida entre amigos próximos, mas mantida sob sigilo em um contexto social conservador da época.

Em um episódio separado, um desertor da KGB conhecido pelo codinome Kago alertou o MI5 sobre uma tentativa russa de recrutamento envolvendo um jovem ator britânico. O ator em questão havia estrelado em um filme cujo título continha a expressão "o reino de algo", levando os investigadores a suspeitar que se referiam a Bogarde, que atuou em "Meu Reino, Minha Vida".

Em 1971, agentes do MI5 viajaram até o sul da França com o intuito de alertar Bogarde sobre o risco iminente e para averiguar se ele tinha sido alvo de aproximações indesejadas.

Durante a entrevista, realizada no consulado britânico em Nice, Dirk Bogarde considerou a situação "absurda", enfatizando que, como homem maduro de 50 anos, tinha plena capacidade para agir com responsabilidade.

Ainda que nunca tivesse visitado a Rússia, o ator expressou preocupação sobre as possibilidades futuras de ser convidado para filmar no país. Ele mencionou a cultura social russa, onde frequentemente eram exigidas grandes quantidades de bebida em festas, temendo que isso pudesse levá-lo a uma situação comprometedora.

A respeito disso, comentou sobre suas interações habituais com amigos e familiares, incluindo beijos em saudações.

Alvo descasrtado

Os agentes do MI5 descartaram Bogarde como um potencial alvo após suas declarações e direcionaram suas investigações para outros atores que poderiam ter estado em Moscou.

Entre os nomes citados estavam Tommy Steele, Peter Arne, Michael Craig, Stanley Baxter e Bill Travers. O desertor Kago descreveu o jovem ator como "um homem muito agradável" e "bonito", o que afastou qualquer possibilidade de James Robertson Justice ser o indivíduo mencionado, já que ele era considerado fora do padrão descrito.

Os documentos liberados para os Arquivos Nacionais não apenas revelam a preocupação de Bogarde com sua reputação e segurança pessoal, mas também destacam o clima tenso e hostil da Guerra Fria, onde figuras públicas eram constantemente monitoradas por suas orientações sexuais.

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