Posse “não convencional” de líder da Revolução mexicana resultou em invasão de museu e ameaça
Fabio Previdelli Publicado em 12/12/2019, às 17h24
Uma pintura do herói revolucionário mexicano Emiliano Zapata nu, montando em um cavalo, vestindo salto alto e usando um chapéu rosa gerou revolta entre manifestantes que invadiram o Palácio das Belas Artes, na Cidade do México, na última terça-feira, 10.
A multidão considera a pintura ofensiva e exige que a obra que retrata Zapata em uma posse “não convencional” seja queimada. Jorge Zapata González, neto de Emiliano, declarou a agencia de notícias Associated Press que não irá permitir isso. "Para nós, como parentes, isso [a obra de arte] denigre a figura de nosso general, representando-o como gay", acrescentando que a família irá processar o governo caso a pintura não seja removida.
Os manifestantes, que protestaram durante algumas horas do lado de fora do Museu, proferiram vários insultos homofóbicos. As ofensas pejorativas provocaram uma reação de pessoas que defendem a diversidade sexual. Como consequência, houve briga entre os dois lados.
O fato também causou enorme repercussão nas redes sociais. A palavra ‘Zapata’ figurou entre os assuntos mais comentados do Twitter no país, com centenas de pessoas defendendo à diversidade sexual ou mostrando suas objeções à pintura.
Agora, os manifestantes prometeram bloquear as entradas do Museu até que obra de Fabián Cháirez, chamada de La Revolución, seja retirada do local. A pintura faz parte de uma exposição que celebra o 100º aniversário de morte de Emiliano Zapata.
Ao todo, a exposição abriga 141 obras de 70 coleções diferentes. Apesar da pintura de Cháirez ter sido feita em 2014, a revolta popular começou depois que o Ministério da Cultura usou a obra para promover a exposição, que fica em cartaz até fevereiro de 2020, em suas páginas do Facebook e Twitter.
Perguntado sobre sua intenção ao pintar o quadro, o artista respondeu que “a masculinidade de Zapata é glorificada” na maioria delas e, por isso, decidiu fazer uma releitura diferente. "Há pessoas que sentem desconforto com corpos que não obedecem às normas. Nesse caso, onde está a ofensa? Eles [os manifestantes] veem uma ofensa porque Zapata está em uma postura mais feminina".
Já o curador do museu, Luis Vargas, declarou que a pintura é uma representação artística que visa fomentar o debate sobre questões da sociedade mexicana, como a homossexualidade. Apesar das ameaças, o museu garante que não irá retirar a pintura da exposição e, como represália, os manifestantes prometem voltar todos os dias até conseguirem o que desejam.
Quem foi Emiliano Zapata?
Um dos principais líderes da Revolução Mexicana, Emiliano Zapata, um pobre agricultor, lutou contra a apropriação de terras pelos latifundiários. Em 1919, ele acabou sendo assassinado aos 39 anos. Desde então, Zapata se tornou um herói para muitos mexicanos, principalmente os agricultores arrendatários, que endossam o grupo de manifestantes.
Com cenas inéditas, 'Calígula' volta aos cinemas brasileiros após censura
Jornalista busca evidências de alienígenas em documentário da Netflix
Estudo arqueológico revela câmara funerária na Alemanha
Gladiador 2: Balde de pipoca do filme simula o Coliseu
Túnica atribuída a Alexandre, o Grande divide estudiosos
Quebra-cabeça: Museu Nacional inicia campanha para reconstruir dinossauro