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Brasil

MPF denuncia trio acusado de submeter pessoas a condições análogas à escravidão

Um pastor e um casal de Rondônia teriam aliciado pessoas em situação de rua para trabalharem na Bolívia

Redação Publicado em 24/05/2022, às 13h46

O MPF denunciou à Justiça Federal em Rondônia três pessoas suspeitas de submeterem trabalhadores a condições análogas à escravidão. Os acusados são um pastor e um casal que teriam explorado 19 pessoas na extração de castanhas na Bolívia. 

Conforme apontou a Procuradoria, Dione Chaves Sousa, Maria Irismar Lago de Lima e Sidnei Joaquim da Silva aliciavam pessoas em situação de rua e as obrigavam a trabalhar para eles durante 12 horas por dia, sem pausas.

Enquanto Dione e Maria são acusadas de tráfico de pessoas e de drogas, Sidnei é apontado como arrendatário de terras dos castanhais. Ele teria auxiliado as mulheres no aliciamento das vítimas em Porto Velho, inclusive cedendo seu veículo para o transporte de alguns desses trabalhadores, segundo o Estadão.

"Trata-se de uma bizarra prática de um crime em si mesmo repugnante. Os acusados praticamente sequestraram vários moradores de rua em Porto Velho, levaram todos para a Bolívia e lá os mantiveram sob condições degradantes. Não bastasse, ainda cobraram valores absurdos por coisas essenciais (comida inclusive) e ainda forneceram drogas a todos", disse o procurador da República Reginaldo Trindade.

Alimentação era cobrada

A denúncia aponta que a as vítimas se alimentavam somente duas vezes por dia, sendo de manhã e ao fim da jornada de trabalho. O valor da refeição era cobrado, o que aumentava a dívida dos trabalhadores com os patrões.

"Se os trabalhadores desejassem adquirir outros produtos, deviam comprar do casal, que cobrava preços abusivos. Para se ter uma ideia dos abusos, segundo as vítimas, uma garrafa de cachaça custava R$ 600 e uma pasta de dente, R$ 100. Além disso, as vítimas eram impedidas de adquirir 'bens das poucas embarcações que passavam pelo local'", narra o MPF.

A Procuradoria também aponta na denúncia que Dione Chaves e Maria Irismar vendiam drogas ilícitas às vítimas. Segundo depoimentos, os 'entorpecentes eram fornecidos diariamente e de modo forçado'.

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