Detalhe mostrando a história do profeta Jonas - Jim Habertman
Arqueologia

Encontrados na Galileia, mosaicos de 1 600 anos contam histórias clássicas da Bíblia

Os painéis decoram as paredes de uma sinagoga construída no vilarejo de Huqoq, no início do século 5

Mariana Ribas Publicado em 22/11/2018, às 12h27 - Atualizado às 15h34

A Arca de Noé. A travessia de Moisés pelo Mar Morto. A construção da Torre de Babel. E uma cena com um belo toque de humor: Jonas é engolido por um peixe, que por sua vez é engolido por outro peixe, que por sua vez também é engolido por um peixe maior ainda.

Estas cenas ilustram as paredes de uma sinagoga judaica do século 5. Instalado em Huqoq, um vilarejo da Galileia tão antigo que é citado pela Bíblia, o templo é alvo de uma equipe de arqueólogos desde 2014. Agora eles divulgaram um relatório que contém informações sobre o local e, principalmente, a reprodução das imagens impressionantes encontradas lá dentro.

Escavação na sinagoga de Israel Jim Haberman

Liderada por Jodi Magness, arqueóloga da Universidade da Carolina do Norte, a pesquisa busca entender as influências sobre os judeus que viveram no local, sob a influência dupla do então decadente Império Romano do Ocidente e do poderoso Império Bizantino.

Espiões cruciais para a conquista de Canaã, ilustrados no mosaico de Huqoq Jim Haberman

Também foram resgatadas ilustrações que retratam momentos importantes para a história judaica, como a chegada de Alexandre, o Grande. “A arte judaica antiga é frequentemente considerada anímica, ou carente de imagens. Mas esses mosaicos coloridos e cheios de cenas figuradas atestam uma rica cultura visual”, afirma Jodi Magness.

Mosaico ilustrando a construção da Torre de Babel Jim Haberman

Os paineis foram sendo descobertos um a um. A imagem da construção da Torre de Babel e a cena envolvendo o profeta Jonas ainda estavam escondidas até este ano.

O profeta Jonas sendo devorado pelo peixe, ilustrado no mosaico de Huqoq Jim Haberman

Para a arqueóloga, o tamanho e a riqueza visual dos mosaicos, além do próprio tamanho da sinagoga, indicam que os judeus da região conviviam bem com o Império Bizantino. “Muitos estudiosos acham que os judeus sofreram sob a opressão da era bizantina", ela diz. "Mas, se eles estão construindo essas enormes sinagogas, isso claramente não é o caso”.

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