Após três dias de julgamento, pastores foram condenados pela morte brutal de Lucas Terra
Redação Publicado em 27/04/2023, às 22h44 - Atualizado em 28/04/2023, às 20h02
Mais de 20 anos depois, dois pastores foram condenados pela morte de Lucas Terra, menino de 14 anos que foi violentado e queimado vivo em Salvador. O caso envolveu acusações contra Joel Miranda e Fernando Aparecido da Silva. De acordo com o IBahia, a decisão fora anunciada pela juíza Andréia Sarmento.
Os dois pastores foram condenados a 21 anos de prisão em regime fechado após um julgamento que durou três dias e apurou relatos de testemunhas. Os pastores responderam por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver, de acordo com o veículo. Também fora mencionado o motivo torpe, o meio cruel e a impossibilidade de defesa de Lucas Terra. Cabe recurso.
Quando o júri foi iniciado, na última terça-feira, 25, Marion Terra, mãe da vítima, desabafou sobre os anos de impunidade.
"São 22 anos de impunidade, de abuso do tempo de espera. Esperar para que haja o julgamento de uma criança, todos esses anos, é ferir a nossa família todos os dias. Hoje, eu sinto como se não fosse uma vitória, porque quando passa muito tempo ela perde o efeito, mas eu quero que eles sejam julgados e que tenham pena máxima", explicou ela ao G1.
A morte de Lucas Terra ocorreu em março de 2001, quando flagrou os dois pastores se relacionando no templo da Igreja Universal do Reino de Deus, localizada no bairro Rio Vermelho, em Salvador.
Violentado, Lucas foi colocado numa caixa de madeira e queimado ainda vivo. O episódio ocorreu em um terreno baldio localizado na Avenida Vasco da Gama.
O meu filho não teve direito à defesa. Era uma criança de 14 anos, estava ali porque amava Cristo. Ele era um evangelizador, ele falava de Jesus todos os dias. Ele dizia: ‘mãe, esse bairro aqui da Santa Cruz é um poço de almas, de vidas para eu trazer para Cristo’", disse Marion.
Além dos pastores Joel Miranda e Fernando Aparecido da Silva condenados nesta quinta-feira, 27, um terceiro nome também foi condenado após o crime cruel. O pastor Silvio Galiza teve a pena reduzida e conseguiu liberdade condicional no ano de 2012. Na época da morte de Lucas, o pastor foi apontado como responsável e, depois, denunciou os outros dois pastores.
O júri foi iniciado nesta terça-feira no Fórum Ruy Barbosa. É esperado que acabe na sexta-feira, 28. Eles são acusados de homicídio, qualificado por motivo torpe e também ocultação de cadáver.
"Não foi um crime nas ruas de Salvador. Envolve três templos da Igreja Universal: Pituba, Rio Vermelho e Santa Cruz. Como podem esses homens acharem que, em 22 anos, eles vão tirar o direito meu de julgamento? Acabou para eles. Eu tenho certeza que eles saem daqui condenados. Condenados pela sociedade baiana, que não vai deixá-los impunes", disse a mãe de Lucas Terra.
O pai de Lucas, Carlos, faleceu em 2019 e não presenciou a justiça pela morte do filho. Durante anos, ele cobrou justiça e chamava atenção para a impunidade. "Toda nossa caminhada foi feita um amparando outro. Hoje a me sinto sozinha aqui, mesmo com meu filho [irmão de Lucas]. A companhia dele, que nunca desistiu de lutar – ele sempre acreditou, dizia para mim: ‘Marion, mesmo que demore, mesmo que seja até o último dia da minha vida, nós vamos lutar para que esses homens sentem no banco dos réus'", disse Marion.
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