Ucraniano recorda do dia que encontrou o corpo de 10 pessoas assassinadas com um tiro na cabeça: "Aparentemente havia um franco-atirador que estava se divertindo"
Fabio Previdelli Publicado em 04/04/2022, às 15h41
As imagens de corpos de civis espalhados pelo chão na cidade ucraniana de Bucha vem chocando o mundo. Enquanto o presidente Volodymyr Zelensky denúncia o “genocídio” russo contra o seu povo, o Kremlin rebate e aponta que as brutais imagens foram “encomendadas” pelos Estados Unidos.
No meio desse fogo cruzado de medo e desespero, moradores locais relatam os momentos de terror e luto que enfrentam desde que a invasão à Ucrânia começou.
À AFP, Liuba, de 62 anos, narra a dor que sentiu ao ter que levar um vizinho para uma fossa de corpos atrás de uma igreja, onde o sujeito buscava saber o destino de seu irmão, visto que boatos indicavam que ele fazia parte entre as vítimas daquela pilha de cadáveres.
Por lá, 57 indivíduos foram enterrados de maneira superficial, muitos em sacos mortuários, enquanto outra porção permanece com seus trajes cotidianos. “Estas feridas nunca serão curadas”, diz Liuba. “Não desejo isso a ninguém, nem ao meu pior inimigo”.
Enquanto moradores locais trafegam em suas caminhonetes tentando desviar dos corpos que tomam conta de uma estreita estrada, Vitalii Shreka, de 27 anos, se junta a um grupo de amigos para dar um destino digno aos mortos.
Procurando qualquer indício que possa identificar as vítimas, o grupo também impede que animais se aproximem dos restos mortais. “Temos que fazer isto. O que fazemos é absolutamente necessário”, aponta Vladyslav Minchenko.
O funcionário do governo Serhii Kaplychnyi conta à agência de notícias que durante um breve período foi impedido pelos russos de retirar os corpos da rua. "Muitas pessoas morreram por tiros ou estilhaços de granadas, mas no início não estávamos autorizados a enterrá-los".
Eles nos disseram para deixar os corpos enquanto estava frio”, completa.
Após a retirada das tropas russas da cidade, os moradores buscam se ajudar para que Bucha volte a ser um local seguro, embora as marcas do que a região viveu sejam difíceis de se esquecer.
Kaplychnyi conta que um dia em especial será difícil de ser esquecido: quando encontrou 10 pessoas que foram assassinadas com tiros fatais na cabeça. "Aparentemente havia um franco-atirador que estava se divertindo", diz em lágrimas.
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