Missão capitaneada por professor da UFMG dá frutos inéditos e mostra relevância de iniciativas brasileiras para a arqueologia
Redação Publicado em 19/03/2019, às 09h10
Uma recente expedição ao Vale do Nilo, conhecida como Projeto Amenenhet, foi capitaneada pelo professor José Roberto Pellini (BAPE - Programa Brasileiro de Arqueologia no Egito) e ligada à Universidade Federal de Minas Gerais com o objetivo de limpar, abrir e analisar um sítio de arqueologia funerária em Aset (Tebas no grego, atual Luxor), no Egito.
Desde 2016 o projeto se esforça no desenvolvimento de todo o procedimento arqueológico de limpeza e reconhecimento do terreno escavado: a tumba tebana (ou Theban Tomb, TT) 123 rendendo de início a prospecção de diversos artefatos em significativo estado de conservação.
A grande surpresa desta expedição, como anunciou a TV UFMG no último dia 14 de março, foi a descoberta de uma outra tumba conservada logo abaixo da TT 123, sobre a qual conta o professor Pellini que provavelmente é cronologicamente posterior à primeira tumba e que teria sido ocupada por outras famílias em tempos mais recentes. A tumba foi catalogada como TT 294.
Pelo que é possível definir das estruturas escavadas, que ainda não foram analisadas mas catalogadas, ambas datam do Novo Império (1550 - 1077 a.C.), momento em que Tebas era a capital política do reino. Foi encontrado um leque diverso de materiais ligados ao mundo ritualístico mortuário da época, incluindo fragmentos de sarcófago (cuja pigmentação está bastante conservada, como vemos na imagem abaixo), máscaras funerárias, ushabtis (estatuetas humanóides que servirão o morto pela eternidade), vasos canópicos (reciptáculos que carregavam orgãos retirados) e, claro, fragmentos da múmia.
A missão já marcou uma nova viagem para exploração do sítio para o ano que vem, com o objetivo de dar prosseguimento ao projeto, que possui novas fases que transpassam o terreno da arqueologia. A equipe anunciou que os próximos procedimentos envolvem o uso da antropologia para a articulação de um envolvimento das novas descobertas com as comunidades que envolvem a região, no Sul do Egito.
Ainda mais ambicioso, o projeto pretende esquematizar um modelo digital das estruturas escavadas pelos brasileiros para fornecer um tour virtual acessível para que se conheça e interaja com o material arqueológico em qualquer lugar do mundo, além de objetivar a geração de modelos impressos tridimensionais que possibilitem o acesso ao material através do toque.
Com essa inédita modelagem 3D, a equipe pretende extrapolar os limites do mundo acadêmico e possibilitar uma nova interação entre público e patrimônio, além de possibilitar o entendimento dos pesquisadores sobre esta relação.
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