Em entrevista à UOL TAB, Gilberto Gil reafirma sua resistência contra os poderes militares no cenário político que, segundo ele, é uma luta contínua
Giovanna de Matteo Publicado em 14/09/2020, às 11h56
O músico baiano Gilberto Gil relembrou em entrevista ao UOL TAB os momentos que passou durante a ditadura militar no Brasil, iniciada pelo Golpe de 1964. Durante os 21 anos de regime militar, Gil enfrentou o governo através da música. Na época, ele fez parte do grupo Tropicália, que contava com fortes nomes da bossa nova e do MPB, como Caetano Veloso, Gal Costa, Os Mutantes, entre outros.
O grupo revolucionou a música brasileira, tanto pelo ritmo musical inovador quanto pelas letras, sendo muitas vezes consideradas rebeldes e tendo até mesmo sofrido censura, além da perseguição por parte do governo sofrida pelos artistas, como contou Gil ao ser questionado sobre sua prisão durante a ditadura.
"Minha posição é muito simples. Sou radicalmente contra a ideia de retorno a uma situação daquele tipo. Me dediquei a combater a ditadura naquele naquele instante, e me dedico a combater qualquer tentativa de retorno à excepcionalidade brutalista da ditadura", afirmou o cantor com determinação sobre sua opinião a respeito dos grupos contemporâneos que defendem a volta do militarismo.
"Sou contra equipar o Estado brasileiro com arma, tanque, instrumento de tortura. Ao mesmo tempo, faço uma leitura benigna daquilo que restou da ditadura. Tem muito entulho autoritário que não é daquele período, vem de outros períodos - essa coisa de as elites se associarem sempre, em momentos variados da história, aos detentores desse poder violento. Sou atento a tudo isso e continuo chamando a atenção da sociedade brasileira para todos esses vieses", completou, deixando claro seu posicionamento a respeito da luta pela democracia, que na visão dele, ainda não chegou ao fim.
A entrevista também menciona o momento em que ele e seu companheiro de música Caetano Veloso foram presos na ditadura, revelando um grande paradoxo dos militares da prisão, que num dia rasparam o cabelo de Gil como forma de opressão e, no outro, um sargento o emprestou um violão para que pudesse tocar.
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