Com 136 centímetros de comprimento e 56 de altura, pintura representa um javali em tamanho real. Obra foi encontrada em uma região isolada que só é acessível no período de seca
Fabio Previdelli Publicado em 14/01/2021, às 12h49
Ontem, 13, um artigo publicado na revista Science Advances divulgou um dos achados mais impressionantes de todos os tempos na arqueologia: a descoberta da pintura rupestre mais antiga do mundo.
Com pelo menos 45.500 anos, a representação de um javali em tamanho real foi encontrada no atual território da Indonésia. O achado é a evidência mais antiga de um assentamento humano na região.
Segundo Maxime Aubert, da Universidade Griffith da Austrália, que é co-autor do estudo, a obra de arte foi encontrada em 2017 na ilha de Celebes, pelo doutorando Basran Burhan, que a viu quando participava junto a uma equipe de explorações na região, que eram conduzidas pelas autoridades indonésias.
A pintura foi encontrada em uma área isolada, acessível apenas depois de uma caminhada por mais de uma hora da estrada mais próxima. Além do mais, a região só pode ser transitada no período de seca, já que as chuvas causam inundações no local.
A arte possui 136 centímetros de comprimento e 56 de altura. Ela foi colorida com um pigmento ocre escuro. O javali representado possui uma pequena crina de pelos, além de ter um par de verrugas faciais em forma de chifre, característica comum em machos da espécie: o javali verrugoso de Celebes.
Já nas patas traseiras do animal existem duas marcas de mão, que parecem estar na frente de dois outros porcos que foram parcialmente preservados. A junção das imagens parece uma cena narrativa.
"O porco parece estar observando uma briga ou interação social entre dois outros porcos verrugosos", disse Adam Brumm, pesquisador e outro autor do estudo. Há dezenas de milhares de anos, os humanos caçaram os javalis verrugosos. A cena se tornou importante nas pinturas pré-históricas da região, especialmente durante a Idade do Gelo.
No topo da obra havia um depósito de calcita, que se formou ao longo dos anos. Com a datação de isótopos da série de urânio, descobriu-se que o deposito tinha 45.500 anos. Isso permitiu que os pesquisadores deduzissem que a pintura tem ao menos a mesma idade, "mas poderia ser muito mais antiga porque a datação que estamos usando se refere apenas à calcita da parte superior", explicou Adam.
Segundo Brumm, as pessoas que fizeram o desenho "eram completamente modernas, eram como nós, tinham todas as habilidades e ferramentas para fazer qualquer pintura que quisessem".
Os pesquisadores acreditam que a obra foi feita pelos Homo sapiens, e não por extintas espécies humanas, como os denisovanos. No entanto, nenhuma possibilidade foi descartada ainda.
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