Depois de 20 anos e uma condenação da Corte Interamericana de Direitos Humanos, a justiça abriu o processo em caso de fazenda com 85 trabalhadores escravizados
André Nogueira Publicado em 30/01/2020, às 07h30 - Atualizado às 07h33
Depois de vinte anos de negligência, a justiça do estado do Pará aceitou uma denúncia do Ministério Público e abriu ação judicial contra dono e administrador de fazenda onde foram resgatados 85 trabalhadores submetidos a regime análogo à escravidão. Abertura ocorreu por decisão do juiz Hallisson Costa Glória, da Primeira Vara de Redenção.
Os trabalhadores foram resgatados em 2000, pela fiscalização do Ministério do Trabalho, na fazenda Brasil Verde, de João Quagliato Neto. Porém, a acusação ocorreu apenas ano passado, por pressão da Corte Interamericana de Direitos Humanos, que condenou o Brasil por cumplicidade com trabalho escravo.
Segundo relatório ministerial, a partir da denúncia de dois menores de idade que fugiram da fazenda, "a alimentação era de péssima qualidade e repetitiva (macaxeira, carne e arroz); que os trabalhadores eram obrigados a acordar muito cedo para comparecem aos postos de trabalho, trabalhando sob pressão e com vigilância armada".
"Em relação às condições de alojamento, os trabalhadores dormiam em galpões de madeira sem energia elétrica, sem camas, nem armários. As paredes eram de tábuas irregulares e o teto de lona o que fazia com que os trabalhadores se molhassem em caso de chuva. Nos galpões dormiam dezenas de trabalhadores, em redes. O banheiro e a ducha se encontravam em muito mau estado, fora do galpão, no meio da vegetação, e não contavam com paredes nem teto".
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