Unidades populares e grupos indígenas estão comandando o levante que desestabilizou o governo de Lenin Moreno
André Nogueira Publicado em 14/10/2019, às 14h29
Desde o dia 3 de outubro de 2019, o Equador passa por uma crise política e uma insurreição generalizada, em que milhares de pessoas estão marchando por melhores condições de vida e garantia de direitos. Em um processo quase revolucionário, a insurreição popular equatoriana é auto-organizada e envolve tanto grupos de esquerda quanto unidades populares e nações indígenas.
O que está ocorrendo é consequência da experiência áustera e neoliberal do atual presidente do país, Lenin Moreno e de seu antecessor, Rafael Correa, do partido Alianza País. O corte de direitos, as medidas antipopulares, o fim de subsídios econômicos básicos e a elevação do preço da gasolina deram palco para a insatisfação popular.
O estopim desse fenômeno ocorreu com a audaciosa decisão de Moreno de firmar um pacto com o FMI, através do Decreto 833, para acessar um empréstimo de 4,2 bilhões de dólares, o que exige ao país um pacote de reformas liberais e o provável enfraquecimento da moeda nacional.
Desde o estopim do dia 3, os movimentos indígenas tem tomado a frente das marchas que ocupam as cidades e declaram o fim das reformas antipopulares. Diversos núcleos de decisão alternativos estão sendo criados, em nome de um poder vindo de baixo. Durante o processo, parte do Exército Equatoriano, ligado às pautas legalistas e populares, se aliou à revolta, fazendo parte da proteção dos insurreicionistas contra a polícia.
Logo no início, foi convocada uma greve geral responsável por desestabilizar o governo de Lenin Moreno. As marchas em direção à capital aumentam e as estradas estão sendo obstruídas pela força das mãos organizadas.
Perdendo gradativamente as bases políticas e perante os levantes revolucionários, Lenin Moreno reparou o perigo de se manter em Quito. Entretranto, no dia 8 de outubro, ele oficialmente transferiu a capital para Guayaquil, distante dos núcleos insurrecionados.
Em menos de dois dias, o principal braço indígena do movimento tomou Quito. Com a tomada a capital, os manifestantes invadiram o prédio da Assembleia Nacional, casa do legislativo, e declararam o nascimento do Parlamento de los Pueblos.
Hoje, o país está dividido entre as unidades federativas adeptas ao processo revolucionário e as que ainda estão aliadas ao presidente eleito. Moreno, em Guayaquil, decretou Estado de Sítio e a militarização da segurança, além de declarar um toque de recolher na capital, que tem gerado violência entre policiais e manifestantes.
Agora, os movimentos internos do país estão realizando acordos mútuos para cogitar no encerramento dos protestos e retomada da normalidade política, mas ainda há muito o que se discutir. Ao mesmo tempo, foi instaurada uma comissão de busca pela paz no Equador, mediada pela ONU.
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