Apartamento superlotado é um de pelo menos dez grandes incêndios registrados em comunidades estrangeiras de Lisboa nos últimos dois anos
Eduardo Lima, sob supervisão de Wallacy Ferrari Publicado em 13/02/2023, às 17h24
Um apartamento onde viviam cerca de 20 imigrantes, em Lisboa, sofreu um incêndio. O acontecimento, segundo a Folha de São Paulo, aponta para uma crise de habitação enfrentada pelos imigrantes que vão trabalhar em Portugal. A falta de casas para aluguel e a inflação recorde no país leva muitos a ocupar habitações precárias e superlotadas.
O incêndio que aconteceu no sábado, 5, causou duas mortes. Ambos eram cidadãos indianos e um deles era um jovem de 14 anos. Outros 14 ficaram feridos e foram levados ao hospital. Entre eles estão cidadãos da Argentina, Nepal, Bangladesh e Paquistão.
O apartamento em que ocorreu o incêndio não tinha nenhum quarto, tendo vários colchões e beliches espalhados. O local poderia funcionar em um sistema de “hot bed” (“camas quentes”, em português). Esse tipo de moradia, utilizada principalmente por imigrantes pobres, tem vagas alugadas por turnos, então uma mesma cama pode ser ocupada por pessoas diferentes no mesmo dia, sendo uma de manhã e a outra de noite.
O preço alto de aluguéis e a falta de opções de habitação no mercado começa a afetar a classe média portuguesa, mas seus efeitos são ainda mais severos para a população de imigrantes do país, especialmente aqueles que chegaram faz pouco tempo.
Em um levantamento da plataforma imobiliária Casafari, Lisboa apareceu como a cidade europeia em que o aluguel mais cresceu no último ano. O preço dos aluguéis da capital de Portugal aumentou em 36,9% entre dezembro de 2021 e o mesmo mês de 2022.
O último Censo do país, em 2021, mostrou que 37,7% da população estrangeira de Portugal vivia em alojamentos superlotados. 34,1% dos brasileiros morando no país estariam inclusos nessas condições.
Timóteo Macedo, presidente da Solidariedade Imigrante, uma associação de apoio aos estrangeiros em Portugal, criticou as autoridades portuguesas pela ausência de “políticas públicas decentes” para resolver o problema que afeta todo o país, mas especialmente os imigrantes mais vulneráveis.
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