Marcellus Williams - Divulgação
EUA

Homem negro é executado no estado do Missouri mesmo após indícios de inocência

Marcellus Williams foi executado na última terça-feira, 24, apesar de pedido da própria Procuradoria, que o condenou, pela sua libertação

Giovanna Gomes Publicado em 25/09/2024, às 09h00

Um homem negro de 55 anos de idade foi executado no estado do Missouri, nos Estados Unidos, na última terça-feira, 24, na presença de seus advogados e de seu filho, apesar do pedido da própria Procuradoria, que o condenou, pela sua libertação. Esse é o segundo caso em 4 dias em que um homem negro é executado no estado mesmo com indícios de inocência.

De acordo com a Folha, Marcellus Williams estava preso desde 1998, condenado pelo assassinato da jornalista Lisha Gayle, do St. Louis Post-Dispatch. Ele foi acusado de invadir a casa de Gayle, esfaqueá-la até a morte e roubar diversos objetos, com base nos depoimentos de duas testemunhas.

No entanto, não havia provas físicas que ligassem Williams ao crime, e as testemunhas receberam uma recompensa de US$ 10 mil oferecida pela família da vítima, que, desde então, se posicionou contra a execução.

Um exame de DNA na arma do crime revelou, no ano de 2017, que o material genético não correspondia ao de Williams, mas sim ao de uma pessoa desconhecida. Esse resultado fez com que o então governador do Missouri, Eric Greitens, adiasse a execução horas antes de sua realização e criasse um painel de juízes independentes para revisar o caso. No entanto, o atual governador, Mike Parson, do Partido Republicano, desfez o painel e remarcou a execução.

Em janeiro deste ano, Wesley Bell, o novo procurador de Saint Louis, cuja Procuradoria foi responsável pela condenação, entrou na Justiça para anular a sentença de Williams, destacando os erros no julgamento, incluindo a exclusão deliberada de jurados negros. Bell relatou que o promotor do caso original rejeitou um jurado alegando que ele "poderia ser irmão do réu". O júri que condenou Williams era composto por 11 brancos e apenas uma pessoa negra.

Pedidos ignorados

Os pedidos de Bell foram ignorados pelo procurador-geral do Missouri, Andrew Bailey, pelo governador Parson e pela Suprema Corte dos EUA, que rejeitou uma ação para suspender a execução. Bell até chegou a propor um acordo no qual Williams se declararia culpado em troca de prisão perpétua, mas o acordo foi anulado pela Suprema Corte do Missouri a pedido do procurador-geral.

"Precisamos questionar um sistema que permitiu que isso acontecesse", declarou a advogada de Williams, Tricia Bushnell. "Hoje, testemunhamos o grotesco exercício de poder do estado do Missouri. Que não seja em vão. Isso nunca deve acontecer, e não podemos permitir que continue".

EUA pena de morte homem negro Missouri executado Marcellus Williams

Leia também

Filho de William, Príncipe George já decidiu qual profissão quer seguir


Veja como arqueólogos encontraram objetos ancestrais em tumba de 1.500 anos


Irmãos Menendez: Decisão de promotor sobre o caso deve sair em 10 dias


Após discussão, piloto tranca copiloto para fora da cabine durante voo


Até Michael Jackson foi envolvido em 'memes' sobre o caso Diddy


A verdadeira explicação para a 'porta' identificada na Antártica