Imagem do jornalista Vladimir Herzog - Divulgação / Instituto Vladimir Herzog
Ditadura Militar

Herzog: Familiares cobram que morte do jornalista na Ditadura seja investigada e punida

Vladimir Herzog foi assassinado horas após se apresentar no DOI-Codi de São Paulo, em 25 de outubro de 1975

Fabio Previdelli Publicado em 22/08/2023, às 10h20

Na manhã de 25 de outubro de 1975, o jornalista Vladimir Herzog, então diretor de jornalismo da TV Cultura, se apresentou no DOI-Codi de São Paulo. No meio da tarde, ele já havia sido morto por agentes da Ditadura. Fotos mostram seu cadáver, enforcado por um cinto, em uma cena armada de suicídio.

+ Herzog: a morte que escancarou a ditadura militar brasileira

Quase cinco décadas depois, seus familiares ainda lutam para que a morte do croata, que adotou o Brasil como lar, seja punida. Há cinco anos, a Corte Interamericana de Direitos Humanos determinou que o estado brasileiro investigue e puna os responsáveis pelo assassinato de Herzog.

A sentença, no entanto, foi ignorada pela gestão de Jair Bolsonaro — aliado dos militares. Por conta disso, o governo Lula e o Supremo Tribunal Federal (STF) estão sendo cobrados para que a decisão seja cumprida.

Importante ressaltar, conforme informado pela coluna de Mônica Bergamo, na Folha, que a sentença emitida pela Corte determina que o governo não siga a Lei da Anistia, considerando o assassinato de Herzog como um crime de lesa humanidade; ou seja, das quais as leis de anistia não devem ser seguidas. Com isso, os responsáveis devem ser condenados e presos.

A morte de Herzog

Enforcado com um cinto preso a uma grade a 1,63 metro do chão — que facilmente permitiria Herzog de escapar de tal destino trágico —, a morte do jornalista se tornou um marco na luta pelo fim da Ditadura, que só acabou de fato uma década depois, com a eleição indireta de um civil, Tancredo Neves, para a Presidência da República.

Ivo Herzog, filho de Vladimir, espera que o atual governo tome as previdências que a gestão anterior deveria ter seguido. Para isso, aponta a Folha, ele possui a companhia de integrantes do Centro pela Justiça e o Direito Internacional, que possuem um encontro marcado com Silvio de Almeida, ministro dos Direitos Humanos, e com integrantes do Ministério das Relações Exteriores.

O grupo também cobrará o Supremo Tribunal Federal (STF) por meio de encontros marcados com a ministra Rosa Weber, presidente da Corte, e o ministro Luís Roberto Barroso.

Em 2020, o STF vetou que a Lei da Anistia fosse revisada, o que poderia autorizar que militares responsáveis por assassinatos e torturas durante a Ditadura Militar fossem punidos.

Já o governo Lula vem sendo pressionado para restaurar a Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) — extinta nos últimos dias do governo Bolsonaro. A recomposição do órgão é uma das promessas da atual gestão e fez parte do discurso de posse de Silvio Almeida.

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