Judeus sendo deportados na Polônia - Associação Estadual da Saxônia de Comunidades Judaicas
Holocausto

Fotos esquecidas de judeus deportados no início do Holocausto são descobertas

Após mais de 80 anos, registros fotográficos encontrados mostram as fases iniciais do Holocausto: 'Não sabiam que estavam prestes a ser assassinados'

Fabio Previdelli Publicado em 08/02/2024, às 16h32

Um historiador alemão encontrou uma série de fotografias tiradas há mais de 80 anos que recordam um dos momentos mais tristes da história: as fases iniciais do Holocausto. Os registros mostram famílias judias prestes a serem deportadas de suas casas

As 13 fotos mostram agentes do Terceiro Reich forçando os residentes da cidade silesiana de Breslau, atualmente Wrocław (na Polônia), a se reunirem em frente a um restaurante próximo a uma estação ferroviária de onde seriam deportados. 

 

Judeus sendo deportados na Polônia (Crédito: Associação Estadual da Saxônia de Comunidades Judaicas)
Judeus sendo deportados na Polônia (Crédito: Associação Estadual da Saxônia de Comunidades Judaicas)
Judeus sendo deportados na Polônia (Crédito: Associação Estadual da Saxônia de Comunidades Judaicas)
Judeus sendo deportados na Polônia (Crédito: Associação Estadual da Saxônia de Comunidades Judaicas)
Judeus sendo deportados na Polônia (Crédito: Associação Estadual da Saxônia de Comunidades Judaicas)
Judeus sendo deportados na Polônia (Crédito: Associação Estadual da Saxônia de Comunidades Judaicas)
Judeus sendo deportados na Polônia (Crédito: Associação Estadual da Saxônia de Comunidades Judaicas)
Judeus sendo deportados na Polônia (Crédito: Associação Estadual da Saxônia de Comunidades Judaicas)
Judeus sendo deportados na Polônia (Crédito: Associação Estadual da Saxônia de Comunidades Judaicas)
Judeus sendo deportados na Polônia (Crédito: Associação Estadual da Saxônia de Comunidades Judaicas)
Judeus sendo deportados na Polônia (Crédito: Associação Estadual da Saxônia de Comunidades Judaicas)
Judeus sendo deportados na Polônia (Crédito: Associação Estadual da Saxônia de Comunidades Judaicas)

 

Os civis desavisados estão cercados por membros da Gestapo. Nas imagens é possível ver as pessoas com uma enorme quantidade de bagagem, sem que pudessem prever o que o destino lhes reservava. 

"Elas parecem bastante calmas. Parece claro que elas não sabiam que estavam prestes a ser assassinadas", disse Steffen Heidrich, o historiador que reconheceu as fotos, em entrevista ao The Observer.

Isso foi bem no início da história dessas deportações e, portanto, elas obviamente não esperavam por isso", continuou. 

O destino dos registrados

Segundo repercutido pelo NY Post, acredita-se que todas as pessoas que foram registradas nas fotos acabaram mortas alguns dias depois de serem capturadas a mando do líder da SS, Heinrich Himmler

Elas teriam sido executadas pelas unidades móveis de extermínio, Einsatzgruppen, durante um tiroteio em massa na Lituânia, em novembro de 1941. Os sobreviventes devem ter morrido posteriormente, na Polônia, em abril de 1942, segundo os documentos. 

Sabe-se que, em 21 de novembro de 1941, mais de mil residentes de Breslau foram detidos por agentes da Gestapo. Essas pessoas foram colocadas, sob condições desumanas, em trens que viajaram por quatro dias até o Forte IX da Fortaleza de Kaunas em Kovno, na Lituânia.

Quando chegaram por lá, os membros do Einsatzgruppen ficaram encarregados de matá-los. A ordem foi dada por um dos principais arquitetos da Solução Final: Reinhard Heydrich. Os assassinatos ficaram sob incumbência de um subgrupo dos esquadrões da morte, o Einsatzkommando 3, que era liderado por Karl Jäger. Estima-se que entre 45.000 e 50.000 judeus foram assassinados no forte.

Meses depois, em 9 de abril de 1942, outros mil judeus foram detidos na porta do mesmo restaurante. Desta vez, no entanto, foram enviados de comboio para Izbica — um gueto ao leste da Polônia com uma taxa de mortalidade semelhante a Varsóvia. Apenas duas pessoas neste transporte sobreviveram, diz o The Observer.

+ Fotos perdidas do Gueto de Varsóvia são enviadas a museu polonês pela Alemanha

As fotografias

As fotos foram encontradas em um arquivo em Desden, na Alemanha, enquanto Steffen Heidrich trabalhava junto a colegas investigadores para catalogar um grande esconderijo. "Quando peguei essas fotos pela primeira vez, foi um momento eletrizante".

"Ficou claro que eram cenas de uma deportação. Pesquisei no Google o nome do restaurante para confirmar a localização. As outras fotos, a maioria das quais estão em péssimas condições, eram da vida judaica na RDA [antiga Alemanha Oriental], ou da vida judaica em Dresden antes do Shoah [Holocausto], por isso foi inesperado encontrar as cenas de deportação lá", prossegue.

Agora, o historiador espera que com a disponibilização pública das imagens, amigos sobreviventes e familiares das vítimas possam ajudar com a identificação das pessoas nas fotos. 

Diretora do projeto da Freie Universität de Berlim, Alina Bothe acredita que as fotos foram feitas por um arquiteto chamado Albert Hadda, que teria feito os registros secretamente através de uma parede ou da janela de um carro. 

A descoberta acidental e sensacional do arquivo abre novas perspectivas sobre a expulsão dos judeus que foram perseguidos em Breslau", disse ao jornal israelense Haaretz.

O próprio Hadda, aliás, de origem judaica, acabou deportado em 1944 para um campo de trabalho forçado. Mas ele acabou conseguindo fugir de volta para Breslau e se escondeu por lá até a cidade ser liberta pela União Soviética. Pós-Guerra, Albert se mudou para Frankfurt e trabalhou para Walter Gropius, arquiteto que fundou a Bauhaus; ele migrou para Israel pouco depois.

judeus Segunda Guerra Holocausto Polônia fotos Gestapo deportação Einsatzgruppen

Leia também

Com cenas inéditas, 'Calígula' volta aos cinemas brasileiros após censura


Jornalista busca evidências de alienígenas em documentário da Netflix


Estudo arqueológico revela câmara funerária na Alemanha


Gladiador 2: Balde de pipoca do filme simula o Coliseu


Túnica atribuída a Alexandre, o Grande divide estudiosos


Quebra-cabeça: Museu Nacional inicia campanha para reconstruir dinossauro