O fotógrafo registrou a agitada metamorfose da cidade em busca da modernização
Luíza Feniar Migliosi Publicado em 23/08/2021, às 15h22
No início do século 20, a cidade de São Paulo iniciava seu caminho de transformação para se tornar a metrópole dos dias atuais. A modernização se materializava nas ruas cheias de carros, os arranha-céus ocupavam os ares e a cidade se expandia.
Essa metamorfose em uma cidade cosmopolita atraiu o fotógrafo Theodor Preising (1883-1962), um alemão que chegou ao Brasil em 1923, aos 40 anos, com um olhar curioso e enérgico.
Ele saiu da Alemanha que fervilhava em seu momento cultural, com a Bauhaus, da Escola de Frankfurt e sua teoria crítica, em meio ao desenvolvimento do dadaísmo, das vanguardas artísticas e do surgimento das revistas ilustradas, que abriam espaço para fotografia, uma linguagem moderna de expressão.
Preising chegou com experiência em fotografia de estúdio para produção de retratos. Foi para o Guarujá comercializar cartões-postais de terceiros, mas mudou-se para São Paulo logo depois para retomar sua carreira na fotografia.
Foi assim que começou a produzir seus próprios cartões-postais. A vista da cidade de São Paulo era uma mescla de seu olhar estrangeiro, da frenética mudança e da ânsia de vida daqueles que decidiram chamá-la de casa.
Às vésperas da comemoração de 100 anos de sua chegada ao Brasil, o Unibes Cultural inaugura a exposição Theodor Preising, um Olhar Moderno, São Paulo, produzida por Douglas Roberto Aptekmann, seu bisneto, e curadoria do professor e pesquisador Rubens Fernandes Junior, que fica até o dia 28 de agosto.
“Reunimos um expressivo conjunto de fotografias da cidade de São Paulo”, explica Rubens em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo. “Ao mesmo tempo que mostra o vigoroso progresso urbano da emergente metrópole, a exposição busca reconhecer um olhar que se distancia da simples documentação e se aproxima das estratégias imagéticas da modernidade fotográfica”, acrescentou.
As fotos transmitem o contraste de uma cidade que crescia e moldava-se entre os pedestres, bondes, carros e prédios.
O olhar atencioso o aproximou do Foto Cine Clube Bandeirante, a escola da fotografia moderna. Theodor participou de exposições e publicou suas fotografias em vários catálogos nacionais e internacionais.
“Também participou, em 1936, ativamente da Revista S. Paulo, uma experiência gráfica-fotográfica complexa e ousada para os padrões da época, ao lado de Benedito Junqueira Duarte, Menotti Del Picchia e Cassiano Ricardo, entre outros intelectuais, e publicou também no Suplemento de Rotogravura, que circulava no Estadão”, ressalta Fernandes Junior.
Hoje, a fotografia representa uma intensa forma de comunicação por meio das redes sociais. As imagens são partes da expressão pessoal e da vida que é compartilhada com o mundo. Agora, os cartões-postais representam a memória de uma cidade que, há um século, iniciou seu caminho de transformação para abrigar uma pluralidade de residentes.
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