Duas crianças compartilhavam o mesmo material genético há 30 mil anos atrás
Caio Tortamano e Isabela Barreiros Publicado em 11/11/2020, às 12h44
Pesquisadores do Museu de História Natural de Viena encontraram na Áustria o que é até o momento o registro mais antigo de irmãos gêmeos da história. Os esqueletos de dois irmãos recém-nascidos foram escavados lado a lado, e, partir de análises científicas, foi possível agrupar algumas informações .
A maior evidência de que eles eram gêmeos foi a de que, por meio de uma análise de DNA, percebeu-se que os dois compartilhavam um genoma inteiro. Ambos do sexo masculino, um dos irmãos sobreviveu até os sete meses de idade e o outro faleceu apenas cerca de 13 a 14 semanas depois do parto.
Eles pertenciam ao período identificado como Paleolítico Superior, aproximadamente 30 mil anos atrás, e foram enterrados juntos em uma cova oval. Os esqueletos foram incrustados em ocre vermelho e estavam acompanhados de objetos peculiares.
Um deles estava usando um colar feito de moluscos, com um dente de raposa perfurado, enquanto o outro tinha contas de marfim de mamute ao redor de sua pélvis. Os pesquisadores sugerem que esses itens tinham como objetivo auxiliar os indivíduos em seu caminho para a vida após a morte, sendo possivelmente ainda ofertas para os deuses.
Além dos itens, os irmãos estavam acompanhados de um terceiro esqueleto, outro bebê de aproximadamente três meses de idade. Análises genéticas que também foram realizadas nos restos mortais induziram à teoria de que se tratava de um primo das outras crianças.
Publicado na revista científica Nature, o estudo afirma: “A evidência confirmada de gêmeos no registro arqueológico é extremamente rara e nunca foi verificada por uma análise de DNA. Por meio de uma análise de DNA, pudemos verificá-los como gêmeos monozigóticos, enquanto o terceiro filho depositado na segunda sepultura era seu parente de terceiro grau."
Para determinar a relação familiar entre os esqueletos, os cientistas contaram com uma análise realizada nos crânios dos bebês. Eles notaram que eles apresentavam semelhanças gigantescas em o mesmo cromossomo Y principal e haplogrupos mitocondriais. Os pesquisadores conseguiram, ainda, definir o momento da morte das crianças por meio de um exame realizado em seus ossos e desenvolvimento dentário.
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