Pesquisadores da Universidade de Stanford analisaram documentos da Alemanha nazista para entender o fenômeno
Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 16/11/2022, às 11h40
Um grupo de linguistas da Universidade de Stanford publicaram na quarta-feira passada, 9, um estudo que analisou de que forma a propaganda nazista se referia aos judeus durante a Alemanha de Adolf Hitler.
Eles examinaram centenas de documentos do período, como jornais, panfletos e discursos políticos transcritos, descobrindo que a narrativa a respeito do povo judeu se modificou entre o período anterior ao Holocausto e os anos em que o genocídio estava ativamente ocorrendo.
De acordo com informações divulgadas pela revista científica Plos One e repercutidas pelo Eureka Alert, foi possível identificar uma linguagem de desumanização dos judeus por parte do regime nazista previamente ao Holocausto.
Os membros desse grupo étnico-religioso eram descritos como menos capazes de experienciar "emoções humanas fundamentais", o que teria contribuído para a população alemã vê-los como menos humanos — e, portanto, menos dignos de respeito.
Durante o genocídio em massa do povo judeu, todavia, ocorreu uma modificação na maneira como a propaganda nazista se referia a ele. Dessa vez, a narrativa ia além, os retratando como maus: isso é, como pessoas que tinham maior agência, e agiriam com malevolência de forma intencional.
No estudo, é levantada a hipótese de que essa mudança linguística teria ocorrido para ajudar os soldados alemães a racionalizaram os repetidos atos de violência que precisavam cometer contra os judeus dentro dos campos de concentração, incluindo as milhares de execuções.
Para eliminar a violência, devemos entender os motivos que a impulsionam. Para tanto, examinamos a representação dos judeus na propaganda nazista. Descobrimos que aos judeus foi progressivamente negada a capacidade de experiências mentais fundamentalmente humanas que levaram ao Holocausto, sugerindo que a desumanização pode motivar a violência ao reduzir a preocupação moral com os grupos de vítimas”, concluíram os especialistas.
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