Fotografia do enterro do menino durante escavação - Divulgação/Mauro Calattini
Arqueologia

Esqueleto de menino da Era Glacial, de 17 mil anos, é descoberto na Itália

O menino, que morreu com cerca de 1 ano e 4 meses, chama atenção pois provavelmente tinha olhos azuis, pele escura e cabelos cacheados

Éric Moreira Publicado em 19/10/2024, às 16h30

Em um novo estudo publicado no periódico Nature Communications, cientistas revelaram a história de vida de um intrigante bebê da era glacial, que viveu na região do atual sul da Itália há cerca de 17 mil anos. Essa criança provavelmente morreu com cerca de 1 ano e 4 meses de idade, revelou uma análise esquelética.

O que mais chama atenção é que os restos mortais do jovem, que provavelmente morreu por uma doença cardíaca congênita, revelaram indícios de desenvolvimento deficiente e até mesmo endogamia entre os pais. Também é descrito no estudo que o menino provavelmente tinha olhos azuis, pele escura e cabelos cacheados de cor castanho-escuro ou quase pretos.

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Um dos autores do estudo, o arqueólogo Mauro Calattini, da Universidade de Siena, encontrou o túmulo em 1998, durante escavações na caverna Grotta delle Mura, localizada na cidade de Monopoli, no sudeste de Puglia. O sepultamento estava coberto por duas lajes de pedra, e continha restos mortais surpreendentemente bem preservados, mesmo sendo o único sepultamento encontrado na caverna.

Vale mencionar que é bastante raro que restos bem preservados de um mero bebê, datado de quase 20 mil anos atrás, sejam encontrados. Segundo o Live Science, lugares como o sul da Itália eram um pouco mais quentes que outras áreas da Europa na época, e por isso devem ter servido como refúgio para aqueles que ali enterraram o bebê.

Após análises dos dentes da criança, os pesquisadores puderam que ela morreu com apenas cerca de 1 ano e 4 meses de vida e, segundo explicam Owen Alexander Higgins, arqueólogo da Universidade de Bolonha, e Alessandra Modi, antropóloga da Universidade de Florença, ao Live Science.

a análise detalhada dos dentes do bebê nos permitiu inferir a saúde e o estresse vivenciados pela criança durante a infância e/ou por sua mãe durante a gravidez — algo que raramente temos a oportunidade de explorar com tanta precisão", pontuam em e-mail ao Live Science.

Além disso, uma análise de DNA também revelou que o bebê tinha mutações em dois genes relacionados à produção de proteínas do músculo cardíaco, acarretando em uma cardiomiopatia hipertrófica, condição em que as paredes do ventrículo esquerdo engrossem e enrijeçam com o tempo, de forma que o coração não recebe nem bombeia sangue suficiente para o corpo. Isso pode, inclusive, ser uma justificativa para a causa da morte precoce do garoto.

Origem do grupo

Segundo o Live Science, o garoto encontrado na Grotta delle Mura era geneticamente relacionado a um grupo de caçadores-coletores da era glacial, descendentes do grupo ancestral conhecido como aglomerado Villabruna. A presença de ancestralidade Villabruna de 17 mil anos atrás demonstra, pela primeira vez, que esse grupo estava presente na península italiana ainda antes do fim da era glacial.

O menino, vale mencionar, provavelmente era parte de um antigo grupo que povoou a Sicília e o sul da Itália, segundo os pesquisadores. No caso, como o grupo era pequeno, não era incomum também a ocorrência de endogamia, como no caso dos pais do menino. "A análise do genoma nuclear sugere um alto grau de parentesco entre os pais, que provavelmente eram primos de primeiro grau", comentam Higgins e Modi.

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