Durante sua fala, Daniela Reinehr não deixou claro qual seu posicionamento em relação às ideias negacionistas do holocausto
Isabela Barreiros Publicado em 28/10/2020, às 14h51
Nesta terça-feira, 27, segundo a Folha de S. Paulo, a governadora interina de Santa Catarina, Daniela Reinehr, não deixou claro seu posicionamento quando foi perguntada se concordava ou não com pensamentos neonazistas e negacionistas do holocausto, que ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial.
Durante sua primeira coletiva de imprensa no cargo, depois do afastamento do governador Carlos Moisés, ela foi questionada pelo repórter Fábio Bispo, do Intercept Brasil, que retomou o agradecimento da política ao seu pai, Altair Reinehr, conhecido por seus textos que relativizam as atrocidades cometidas por Hitler.
Ele indagou: “No começo da sua fala, a senhora agradeceu sua família. Seu pai, como professor de história, pregava em sala de aula o negacionismo do holocausto judeu, inclusive utilizando livros de uma editora que foi condenada por contar mentiras sobre a Segunda Guerra Mundial. Agora que a senhora é governadora de Santa Catarina, a gente quer saber qual é a sua posição, se a senhora corrobora com essas ideias neonazistas e negacionistas sobre o holocausto”.
"Eu espero, daqui para a frente, e em toda a história, ser julgada pelos meus atos, pelas minhas convicções e pela postura que eu sempre tive em tudo o que eu fiz. Eu realmente não posso responder, ser julgada ou condenada por aquilo que esse ou aquele pense", disse.
“Eu respeito, volto a dizer, respeito as pessoas independentemente dos seu pensamentos, respeito os direitos individuais e as liberdades. Qualquer regime que vá contra o que eu acredito, eu repudio”, respondeu Reinehr.
Ela disse ainda: “Existe uma relação e uma convicção que move a mim, e acredito que a todos os senhores, que se chama família. Me cabe, como filha, manter a relação familiar em harmonia, independente das diferenças de pensamento, das defesas [de ideias]”.
Conforme divulgado pela Folha, em um de seus textos, Altair Reinehr escreveu que Hitler, “num curto espaço de tempo, acabou com o problema do desemprego de 6 a 7 milhões de pessoas, revitalizou a indústria, moralizou os serviços públicos e transformou a Alemanha num canteiro de obras”. Tudo isso sem citar os pensamentos nazistas e o próprio holocausto.
Em comunicado conjunto, a Confederação Israelita do Brasil (Conib) e a Associação Israelita Catarinense (AIC) fizeram um pedido para Reinehr: que ela “rechace as ideias negacionistas de seu pai”. A nota foi assinada pelos presidentes das duas instituições, Fernando Lottenberg e Sergio Iokilevitc, respectivamente,
"A governadora deve, de forma veemente, manifestar sua repulsa ao negacionismo da tragédia que foi o Holocausto. É importante que ela se pronuncie sobre o assunto e demonstre de forma inequívoca sua rejeição às ideias que levaram ao extermínio de 6 milhões de judeus inocentes, além de outras minorias e adversários políticos e provocaram uma guerra que devastou a humanidade", escreveram.
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