O deserto de Al Wathba, nos Emirados Árabes, possui formações curiosas sendo estudadas
Éric Moreira, sob supervisão de Wallacy Ferrari Publicado em 02/07/2022, às 11h57
Enquanto muitos desertos possuem suas paisagens relativamente voláteis, com a inconstância das dunas de areia que se movem dia após dia com o vento, o deserto de Al Wathba — localizado em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos — chama atenção por esbanjar algo diferente.
Ele esconde dunas de areia 'congeladas', curioso fenômeno com formatos únicos, e que se encontram ameaçadas com as mudanças climáticas. As formações são resultado de um processo que começou ainda na Era do Gelo, e se moldam até hoje.
Segundo Thomas Steuber, professor do Departamento de Ciências da Terra na Universidade Khalifa de Ciência e Tecnologia, em Abu Dhabi, as diferentes gerações de dunas começaram a se formar entre 200 mil e 7 mil anos atrás.
Com o nível dos oceanos abaixando — e se acumulando nas calotas polares —, o vento do Golfo Arábico levava acúmulos de areia até a região, e quando o gelo derretia, o nível da água subia e a umidade reagia com o carbonato de cálcio na areia, formando uma espécie de cimento.
O Golfo Arábico é uma pequena bacia bastante rasa. Tem apenas 120 metros de profundidade, então no pico da Era do Gelo, há cerca de 20 mil anos atrás, havia tanto acúmulo nas calotas polares que faltava água no oceano. Isso significava que o Golfo era seco — e foi a fonte de material para os fósseis nas dunas", complementou Steuber à explicação.
O processo, que durou milhares de anos, juntamente com a erosão provocada pelo vento, que ocorre até os dias atuais, é responsável pela transformação do ambiente e das paisagens. "Algumas das dunas são imensas, mas no fim o vento irá destruí-las. [...] É um material bastante frágil", opina o estudioso à CNN estadunidense, como reportado pela UOL.
Segundo Thomas Steuber, ainda, as formações rochosas de areia podem ser prova do dilúvio de Noé, citado na Bíblia, no Alcorão e na Torá.
"Possivelmente, esta enorme enchente no Golfo Arábico aconteceu no fim das eras glaciais, porque o aumento do nível do mar foi muito rápido. Com um golfo seco, os rios Tigre e Eufrates teriam desaguado no Oceano Índico e o que é hoje a bacia teria sido uma planície bastante fértil há 8 mil anos atrás, que seria habitada e pessoas podem ter passado pela experiência do crescimento rápido no nível das águas. Talvez isto tenha levado a uma memória histórica que compôs estes livros sagrados de três religiões locais", comenta o pesquisador.
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