Perseguido por defender posseiros e indígenas na Amazôna, deixa um importante legado de luta pela reforma agrária
Isabela Barreiros Publicado em 08/08/2020, às 12h28
Na manhã de hoje, 8, às 9h40, faleceu dom Pedro Casaldáliga, na cidade de Batatais, em São Paulo, aos 92 anos. Um dos maiores defensores dos direitos humanos, o bispo emérito de São Félix do Araguaia, no Mato Grosso, morreu devido a complicações causadas por problemas respiratórios.
Conforme informaram a Prelazia de São Félix do Araguaia (MT), a Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria (Claretianos) e a Ordem de Santo Agostinho (Agostinianos), o teste para covid-19 deu negativo. Ele havia passado uma semana internado devido a uma embolia pulmonar e foi levado a Batatais na terça-feira, 4.
Nascido na Espanha, deixou a terra natal para vir ao Brasil em 1968. Iniciou sua trajetória ajudando as pessoas do, então, pequeno povoado de São Félix do Araguaia, no interior de Mato Grosso.
Um dos maiores nomes da Teologia da Libertação, dom Pedro acreditava, assim como a linha da igreja católica, que o ser humano só seria livre de verdade com o fim das desigualdades sociais. Assim, passou a lutar pelos direitos dos mais pobres e injustiçados, atuando principalmente na Amazônia.
O bispo também foi responsável pela primeira denúncia de trabalho escravo contemporâneo que ganhou a atenção do mundo inteiro. No começo da década de 1970, ele evidenciou as péssimas condições de trabalho em empreendimentos agropecuários ao norte do país. Foi assim que começou a ser perseguido ainda mais durante a ditadura militar, e nos anos posteriores.
Um dos maiores nomes Igreja Católica no Brasil e na América Latina em favor da reforma agrária, era contra o latifúndio e a propriedade privada no geral. Admirava Che Guevara e seus ideais de revolução, além de ajudar na criação do Conselho Missionário Indigenista (Cimi) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
"Malditas sejam todas as cercas! Malditas todas as propriedades privadas que nos privam de viver e amar! Malditas sejam todas as leis amanhadas por umas poucas mãos para ampararem cercas e bois, fazerem a terra escrava e escravos os humanos", escreveu o também escritor e poeta.
Devido a suas ações e pensamentos, foi perseguido pela ditadura militar, quase foi expulso do país e arriscou sua vida, todos os dias, ao defender posseiros e indígenas na Amazônia. Ao morrer aos 92 anos, deixa um enorme legado de luta por direitos humanos e pela reforma agrária.
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