Segundo novo estudo genético, antigos povos caçadores-coletores foram exterminados por agricultores, e estes, depois, por pastores
Éric Moreira Publicado em 19/02/2024, às 11h35
Um estudo genético publicado no dia 10 de janeiro na revista Nature aponta que a região onde hoje existe a Dinamarca foi palco de três diferentes grupos humanos em períodos distintos, tendo passado por dois extermínios em massa nessas transições.
Segundo a co-pesquisadora Anne Birgitte Nielsen, pesquisadora de geologia e chefe do Laboratório de Datação por Radiocarbono da Universidade de Lund, na Suécia, em comunicado, anteriormente a transição entre esses grupos era apresentada como pacífica; "no entanto, nosso estudo indica o contrário. Além da morte violenta, é provável que novos patógenos do gado tenham acabado com muitos coletores."
Para o estudo, os pesquisadores analisaram amostras de DNA de cerca de 100 esqueletos datados encontrados no país, datados de diferentes períodos históricos: o Mesolítico, o Neolítico e o início da Idade do Bronze, sendo assim uma margem de 7.300 anos. Foram observados isótopos nos restos mortais que poderiam esclarecer suas dietas e onde viveram.
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Durante o período Mesolítoco, que ocorreu entre 13.000 a.C. e 8.000 a.C., a região era habitada por três culturas, os Maglemose, Kongemose e Ertebølle, parentes de outros caçadores-coletres da Europa Ocidental. A composição genética destes grupos permaneceu bastante constante entre 10,5 mil e 5,9 mil anos atrás, mas isso mudou quando grupos de agricultores com ascendência da Anatólia, atual Turquia, chegaram à região no Neolítico.
Estes agricultores, da cultura Funnel Beaker, viveram na região por apenas mil anos. Até que, há cerca de 4.850 anos, uma outra população ocupou a Escandinávia: uma mistura entre agricultores neolíticos não locais e pastores das estepes.
Suas raízes genéticas eram principalmente associadas aos Yamnaya — uma população de seminômades que domesticavam animais, criavam gado e usavam cavalos e carroças para se deslocarem no continente — mas, chegando na Dinamarca, originaram a chamada cultura da Sepultura Única, que recebeu esse nome devido às milhares de sepulturas únicas relacionadas a eles descobertas.
Nessa transição, mais uma vez a violência pode ter eliminado quase todos os habitantes agricultores da região, isso sem mencionar os novos agentes patológicos provenientes dos animais. E assim um novo povo se estabeleceu na Dinamarca, expandindo sua existência pela Escandinávia.
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Conforme repercutido pelo Live Science, após a chegada das pessoas que originaram a cultura da Sepultura Única, "houve também uma rápida rotatividade populacional, praticamente sem descendentes dos antecessores", comenta Nielsen. Desde então, esse povo perdurou, sendo eles aqueles que possuem "um perfil de ancestralidade mais semelhante aos dinamarqueses atuais."
Além disso, vale mencionar que o que aconteceu na Dinamarca é bastante semelhante ao que houve em outros lugares da Escandinávia. "Não temos tanto material de DNA da Suécia, o que existe aponta para um curso de acontecimentos semelhante. Em outras palavras, muitos suecos também são, na maioria, descendentes desses seminômades", conclui Nielsen.
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