Ele foi encontrado na Grã-Bretanha, porém seu DNA e composição óssea revelavam que nasceu muito longe dali, tendo feito uma longa viagem
Ingredi Brunato Publicado em 20/12/2023, às 11h02
Em 2017, um curioso esqueleto de 2 mil anos — que viveu, portanto, durante o período romano — foi descoberto em uma escavação em Cambridgeshire, um condado situado na Inglaterra.
Após seu DNA ter sido analisado em um estudo recente, pesquisadores descobriram que o indivíduo não era originário da região onde foi enterrado, e sim um peregrino que nasceu a milhares de quilômetros de distância.
Conforme relatou o artigo científico divulgado pelo Current Biology, a leitura de seu código genético revelou que ele pertencia ao povo dos sármatas, que viviam no território hoje correspondente à Ucrânia e ao sul da Rússia.
Começamos por extrair e sequenciar o ADN antigo (aDNA) do osso do ouvido interno do indivíduo, pois é aqui que está melhor preservado", explicou Marina Soares de Silva, pós-doutoranda do Instituto Francis Crick envolvida na pesquisa.
"A primeira coisa que vimos foi que geneticamente ele era muito diferente dos outros indivíduos romano-britânicos estudados até agora. Na verdade, a nossa análise mostrou que ele tinha ancestrais comuns com indivíduos previamente estudados dos grupos do Cáucaso e dos Sármatas", continuou ela, segundo repercutiu o Technology Networks.
Através da análise dos dentes do esqueleto, foi possível identificar que ele passou por mudanças de dieta ao longo da vida. Na infância, ele comia muito milho e sorgo, plantas que não são nativas da Europa. Depois, sua dieta mudou refletindo uma migração para o oeste.
Sua viagem, aliás, provavelmente está relacionada com um evento histórico documentado: a vez em que o imperador romano Marco Aurélio derrotou os sármatas e então incorporou os soldados inimigos às suas tropas.
Durante o episódio, que ocorreu em 175 d.C., por volta de 5.500 sármatas foram enviados para lutar pelo Império Romano na região hoje equivalente à Inglaterra. O dono do esqueleto em si, porém, ainda era jovem durante essa migração, de forma que não poderia ter sido um soldado na época da viagem.
Após ter se mudado com a família e crescido, porém, pode ter se juntado à cavalaria sármata do Império Romano. O tópico é alvo de especulação pelos pesquisadores, mas não pode ser confirmado pela falta de pistas em seu enterro, que foi muito simples.
Este jovem cresceu para se tornar parte desta unidade de cavalaria? Não podemos dizer, porque não temos quaisquer achados ou objetos de seu túmulo que o liguem ao exército romano ou aos sármatas. Geralmente, nós temos evidências muito limitadas dos sármatas estacionados na Grã-Bretanha. [...] Se esse jovem fazia parte da cavalaria, então talvez ele morreu a caminho de um local militar?", refletiu Alex Smith, gerente do MOLA (Museu de Arqueologia de Londres).
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