Segundo um estudo recente, o vírus "sequestra" uma proteína chamada ANKLE2, essencial para o desenvolvimento do cérebro; entenda!
Felipe Sales Gomes, sob supervisão de Éric Moreira Publicado em 14/01/2025, às 14h30
O zika vírus, amplamente conhecido por sua ligação com casos de microcefalia (condição que impede o desenvolvimento normal do cérebro) em bebês de mulheres infectadas durante a gravidez, teve seu mecanismo de ação revelado por cientistas da Universidade da Califórnia, Davis, nos EUA.
Segundo um estudo publicado na revista científica mBio, o vírus "sequestra" uma proteína chamada ANKLE2, essencial para o desenvolvimento saudável do cérebro fetal.
Depois de atravessar a placenta, o zika utiliza a ANKLE2 para facilitar sua reprodução, comprometendo as funções dessa proteína no desenvolvimento cerebral do bebê. Como a maioria dos vírus, o zika depende de proteínas e funções das células do hospedeiro para se multiplicar, já que carrega instruções genéticas limitadas.
"É do caso do zika estar no lugar errado na hora errada", afirma Priya Shah, professora associada da Universidade da Califórnia, Davis, e principal autora do estudo.
No estudo, os pesquisadores cultivaram o zika vírus em células humanas e observaram que, ao remover o gene ANKLE2 dessas células, a capacidade do vírus de crescer foi significativamente reduzida.
O zika e vírus relacionados desenvolveram estratégias para se esconder em bolsos de replicação dentro das células, evitando a detecção pelo sistema imunológico", explica Adam Fishburn, coautor do estudo.
"Acreditamos que o ANKLE2 é sequestrado para facilitar esse processo, e sem ele os bolsos não se formam adequadamente, permitindo que o sistema imunológico controle a replicação viral".
Os cientistas também descobriram que o zika utiliza a ANKLE2 ao infectar células de mosquitos, indicando que essa interação é crucial tanto em humanos quanto nos insetos que transmitem o vírus.
Embora vírus relacionados, como os da dengue e da febre-amarela, também usem a ANKLE2, o zika apresenta um risco maior ao desenvolvimento fetal porque é capaz de atravessar a placenta e infectar diretamente o bebê.
Essa descoberta abre caminho para novas estratégias no combate ao zika vírus, incluindo possíveis intervenções que bloqueiem a interação do vírus com a proteína ANKLE2, reduzindo seu impacto devastador no desenvolvimento fetal, repercute o Globo.
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