Após 10 anos, pesquisadores da Universidade de Cambridge desvendaram insólitas "receitas médicas" guiadas por astrologia e magia
Thiago Lincolins Publicado em 17/05/2019, às 12h08
Ao decifrarem antigos “receituários” médicos do século 17, pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, fizeram uma descoberta inusitada. Dois charlatões da época prescreveram chinelos feitos de pombo, fígado de cachorro e queijo com inscrições para curar bruxaria, doenças sexualmente transmissíveis e até a peste bubônica.
Apesar das prescrições insólitas, a caligrafia do ocultista e astrólogo Simon Forman e de seu ajudante Richard Napierum muito se assemelha a dos médicos atuais. Foram necessários 10 anos para que os profissionais de Cambridge pudessem identificar os textos que envolvem a prescrição de 80 mil casos, agora disponibilizados online.
"Nossas transcrições são a ponta do iceberg: milhares de páginas de rabiscos enigmáticos cheios de símbolos astrais, receitas de estranhos elixires e detalhes da vida de senhores que sofrem com tudo, desde mordidas de cães a corações partidos", explicou Lauren. Kassell, profissional do Departamento de História e Filosofia da Ciência de Cambridge.
Durante o período elisabetano, os médicos afirmavam que poderiam curar de feitiçaria a desinteria. E para determinar como seria o tratamento dos pacientes, bastava que os charlatões consultassem as estrelas.
Para encontrar a cura, os trapaceiros “receitaram” expurgos e até mesmo a insólita sangria para tratar a "pletora", uma situação na qual o corpo tinha excesso de sangue.
Os pensamentos suicidas, em pacientes deprimidos, eram considerados feitiçaria ou visitas demoníacas. Como consequência, os astrólogos vendiam "contra-feitiços" ou amuletos abençoados.
Os pesquisadores conseguiram desvendar a história de Joan Broadbrok, uma mulher de 40 anos que afirmava que seus filhos foram transformados em ratos e camundongos. Ao ser visitada por Forman e Napierum em 1605, foi considerada bruxa e estava possuída por um “espírito doente”. "O espírito diz a ela que ele vai queimá-la e afogá-la e parece falar dentro dela".
Um dos tratamentos mais insólitos pode ser encontrado no caso da paciente Tempeance Negoose, que foi avaliada pelos médicos em 1619. Os textos indicavam que ela queria tirar sua própria vida ao se afogar e duvidava da existência de Deus. A cura para sua aflição: usar chinelos de pombo - literalmente pombos abertos amarrados aos pés.
John Wilkison, que sofria com uma doença venérea, descreveu que “sentia como se tivessem espetado as suas partes íntimas com uma rapiera”. A solução: deveria se tratar com uma combinação que envolvia rosas, violetas, caranguejos cozidos e esterco de veado.
Já Edmond Hannell, um jovem de 24 anos, havia sido mordido por um cachorro “louco”. Forman e Napierum encontraram uma solução um tanto bizarra para curar a ferida no pulso: "Coma um pedaço de queijo com certas palavras escritas nele e também o fígado do cachorro".
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