O jovem congolês Moïse Kabamgabe - /moise-kabamgabe.jpg
Crimes

Caso Moïse: Família diz ter se sentido intimidada com ação de policiais

Parentes de congolês assassinado alegam não terem se sentido confortável com atos de dois agentes; entenda!

Fabio Previdelli Publicado em 03/02/2022, às 13h48

Familiares do jovem congolês Moïse Kagabamge, de 24 anos — que foi espancado até a morte depois de cobrar o pagamento de seu salário atrasado em um quiosque que fica próximo ao Posto 8, na Barra da Tijuca —, disseram se sentirem intimidados com a atitude de dois policiais militares que estiveram por algumas vezes no local do crime. 

Conforme relatam, a primeira vez que se depararam com a dupla foi no próprio dia em que Moïse foi morto, em 24 de janeiro. Os policiais teriam chegado ao local depois que o Samu foi acionado. No entanto, as imagens das câmeras de segurança que foram divulgadas à imprensa não mostram essa cena. 

A segunda ocasião foi logo no dia seguinte, quando a família do congolês foi até o Quiosque Tropicália tentar entender o que havia acontecido. Os parentes de Moïse conversavam com o dono do estabelecimento e com funcionários do local. Eles tentavam convencer o proprietário do Tropicália a acompanhá-los até a Delegacia de Homicídios para prestar depoimento, explica matéria da Folha. 

Foi então que os agentes chegaram e os abordaram, pedindo seus documentos e questionando o que estava acontecendo — entretanto, o que a família aponta é que eles já haviam estado no local no dia anterior, então, supostamente, já sabiam o que tinha ocorrido. 

Segundo gravação obtida pela Folha, os policiais disseram aos comerciantes que eles não eram obrigados a conversarem com os familiares do congolês, apenas com um delegado. Mesmo com os funcionários alegando não haver problemas com isso, eles insistiram. 

Eu falei para o dono do quiosque. Qualquer informação, vocês têm que dar lá na DH, que está a cargo da investigação. A informação que eles devem dar, que eles são obrigados a dar, é para o delegado. O delegado veio ou vai vir aí, ou vai chamá-los para a delegacia. Não adianta ficar falando aqui", diz um dos policiais. 

 Foi então que um amigo de Kagabamge diz que eles estavam apenas conversando. "Beleza. Se quiser falar, você pode falar, mas você [se dirige à mulher] não é obrigada a dar informação nenhuma. Até porque a investigação quem faz não são vocês, é a delegacia", diz novamente o agente. 

A conversa então prossegue, com o grupo explicando o ocorrido ao policial, que intervém novamente. "Se você quiser falar alguma coisa, pode falar, [mas] ela não é obrigada a dar nenhuma informação".

O último encontro com a dupla, segundo a família, aconteceu no último sábado, 29, quando um protesto foi realizado em frente ao Quiosque Tropicália. Apesar de agentes do programa Segurança Presente acompanharem o ato, os dois policiais voltaram ao local. Eles, novamente, teriam pedido os documentos aos familiares de Moïse e os questionaram sobre o que havia ocorrido. 

À Folha, um dos familiares de Moïse Kagabamge relatou ter se sentido intimidado com a ação dos agentes: "Claro que sim. O policial fardado com arma, pedindo seu documento com aquele tom de voz, daquele jeito da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Eu sou negro, já passei por batida policial quando tava com uniforme de serviço indo trabalhar, aí você não está uniformizado, começam a te perguntar... Quem não fica intimidado?".

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