Imagem subaquática de canoa encontrada na costa da Itália - Divulgação/PLOS ONE/Gibaja et al.
Arqueologia

Canoas mais antigas já encontradas no Mediterrâneo são localizadas na Itália

Usadas há mais de 7 mil anos, canoas apontam avançadas técnicas de construção e navegação com barcos e possível comércio no Neolítico

Éric Moreira Publicado em 21/03/2024, às 10h17

Na última quarta-feira, 20 de março, um estudo publicado na revista PLOS One descreveu a descoberta impressionante das canoas mais antigas já encontradas no Mar Mediterrâneo. O achado ocorreu na costa da Itália, no assentamento costeiro submerso de La Marmotta.

Segundo o estudo, as cinco canoas encontradas teriam sido utilizadas há mais de 7 mil anos por habitantes de uma aldeia neolítica que existiu onde hoje é Roma. Elas teriam servido para pesca e transporte, e podem também ser indicativo de alguma espécie de comércio na era pré-histórica.

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"Um dos menores [barcos] provavelmente foi usado para pesca", disse por e-mail ao Live Science Mario Minel, co-autor do estudo e arqueólogo e coordenador diretor do Museu da Civilização de Roma. "Os dois maiores mediam quase 11 metros de comprimento por 1,2 m de largura e é provável que — graças também ao fácil acesso à costa do Tirreno através do rio Arrone — pudessem ter sido usados ​​para posterior comércio."

Canoa descoberta na costa da Itália / Crédito: Divulgação/PLOS ONE/Gibaja et al.

 

Vale mencionar que, além dos barcos, também foram encontrados no local numerosos artefatos, incluindo ferramentas de pedra e obsidiana, vasos de cerâmica, estatuetas e ornamentos. Em 2022, também foram encontradas 52 foices de madeira na região, possivelmente utilizadas para a colheira de grãos de cereais.

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Técnicas avançadas

Um fator que chama atenção nas canoas são as aparentes "técnicas avançadas de construção" empregadas por seus construtores. Por exemplo, as embarcações incorporam reforços transversais que teriam aumentado a durabilidade dos cascos das canoas.

"As técnicas de construção e os materiais utilizados indicam uma compreensão sofisticada da construção e navegação de barcos", afirma à Live Science o autor sênior do estudo, Niccolò Mazzucco, pesquisador do Departamento de Civilizações e Formas de Conhecimento da Universidade de Pisa, na Itália.

"[Isso] é significativo porque mostra a engenhosidade e habilidade dos povos antigos na utilização de recursos naturais para criar meios de transporte eficientes."

Além disso, três objetos de madeira em forma de T encontrados próximos às canoas sugerem também a possibilidade de uso de "velas ou estabilizadores" ou flutuadores nas canoas, que serviam para "prender cordas amarradas a velas ou outros elementos náuticos", acrescenta o estudo.

"Tais avanços sugerem uma compreensão mais profunda da tecnologia marítima e da navegação, com embarcações equipadas para viagens de longa distância", acrescenta Mazzucco ao Live Science. 

Canoa descoberta na costa da Itália / Crédito: Divulgação/PLOS ONE/Gibaja et al.

 

Também chama atenção a capacidade dos construtores de utilizar vários tipos de madeira em suas construções, o que sugere que eles sabiam quais árvores poderiam ser utilizadas, e quais não.

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