Cientistas avaliaram mais de 1000 cadáveres num período de 1500 anos; descobriram que câncer era extremamente raro então
Thiago Lincolins Publicado em 28/06/2018, às 14h38 - Atualizado em 19/10/2018, às 11h00
El Molto e Peter Sheldrick, pesquisadores da Western University (Canadá), conduziram um estudo em 1 087 corpos enterrados entre 3 000 e 1 500 anos atrás no Oásis de Dakhleh, Egito. A região é habitada desde a Pré-História. Descobriram 6 casos de câncer entre os restos analisados.
Entre eles, uma criança com leucemia, um homem que faleceu com câncer de reto, aos 50 anos de idade e outros identificados com câncer causado pelo vírus HPV. Em cinco dos seis casos, o indício foram lesões presentes nos esqueletos. Os buracos ao longo do ossos – como os que foram encontrados nos restos de uma mulher que faleceu aos 40 anos – surgiram em consequência do câncer ter se espalhado. Já no caso do homem de 50 anos, fora descoberto que ele apresentara câncer de reto devido à presença de um tumor preservado.
Em três dos seis casos, os ossos eram de duas mulheres e um homem, que tinham aproximadamente entre 20 ou 30 anos quando faleceram. É uma idade incomum para a ocorrência de câncer. O que leva a crer que a doença desenvolvida por esse grupo estava associada ao vírus HPV.
“Os restos femininos e o masculino, todos jovens adultos, podem ter tido, respectivamente, câncer de colo uterino e câncer testicular”, complementam os cientistas. Estudos científicos comprovam que o vírus HPV já existia antes mesmo do surgimento do Homo Sapiens. Então é possível que o vírus estivesse presente entre os povos que viviam no oásis de Dakhleh.
O que realmente salta aos olhos é o quão raras eram as mortes por câncer considerando toda a população estudada. “Os casos de câncer durante a vida no Iásis de Dakhleh era de 5 em 1 000, comparado com 50% nas sociedades ocidentais modernas”, notaram os cientistas no estudo. “O risco de câncer nas sociedades ocidentais de hoje é 100 vezes maior do que no antigo Dakhla.”
Mesmo levando em conta a diferença entre a expectativa de vida dos egípcios (apenas por volta de 8% passavam dos 60) e a atual (15% dos brasileiros vivos tem mais de 60), com o fato de nem todo tipo de câncer deixar marcas nos esqueletos, os pesquisadores ainda falam em no mínimo 50 vezes. “Em nossa opinião, é de se duvidar que, mesmo se os habitantes antigos de Dakhlan tivessem a mesma expectativa de vida que as sociedades ocidentais modernas, a proporção de câncer seria equivalente”, escrevem. “A quantidade de elementos cancerígenos em seu ambiente devia ser considervalmente menor que nas sociedades ocidentais modernas.”
Bom para os egípcios. Talvez até porque fosse tão raro, não existe evidêncida de possuírem qualquer tratamento para casos de câncer, também lembram os pesquisadores.
Molto e Sheldrick esperam que mais descobertas do tipo sejam feitas. Os dados ajudam a entender como o câncer e outras doenças, evoluiram com passar do tempo.
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