Fragmentos foram extraídos de cálculo biliar de um nobre napolitano do período renascentista
Redação Publicado em 20/06/2022, às 10h53
Uma pesquisa liderada por cientistas da Universidade McMaster, no Canadá, foi responsável pela reconstrução inédita do genoma de uma bactéria identificada em um cálculo biliar encontrado em uma múmia italiana que remonta ao século 16.
Os fragmentos para o primeiro genoma antigo da bactéria Escherichia coli foram extraídos da múmia de um nobre napolitano que viveu durante o período do Renascimento. Giovani d’Avalos morreu em 1586, aos 48 anos, em decorrência de uma inflamação crônica causada por cálculos na vesícula biliar.
Segundo o estudo, publicado na revista científica Communications Biology, a amostra colabora para o entendimento da história evolutiva da bactéria, que não foi tão estudada por nunca ter causado uma pandemia, embora seja bastante comum, segundo a revista Galileu.
“Um foco estrito em patógenos causadores de pandemias como a única narrativa de mortalidade em massa em nosso passado ignora o grande fardo que decorre de comensais oportunistas impulsionados pelo estresse da nossas vidas”, explicou o geneticista evolucionário Hendrik Poinar, diretor do Centro de DNA Antigo da Universidade McMaster.
A bactéria é encontrada naturalmente na microbiota intestinal de humanos e outros animais, mas pode atacar o hospedeiro em momentos de estresse, enfermidade ou imunodeficiência. Ela também pode causar intoxicações alimentares graves em alguns casos mais graves, porém raros.
Os pesquisadores conseguiram reconstruir o genoma a partir dos fragmentos da bactéria-alvo encontrados em um cálculo biliar da múmia, apesar da degradação do ambiente ao longo dos anos.
“Foi tão emocionante poder tipificar essa antiga E. coli e descobrir que, embora única, ela se enquadrava em uma linhagem filogenética caracterizada por comensais que hoje ainda causam cálculos biliares”, afirmou Erick Denamur, líder da equipe francesa que participou na pesquisa.
“Conseguimos identificar qual era o patógeno oportunista, investigar as funções do genoma e fornecer diretrizes para ajudar os pesquisadores que podem estar explorando outros patógenos ocultos”, completou George Long, estudante de pós-graduação em bioinformática da McMaster e principal autor do artigo.
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