Fotografia mostrando esqueleto com pedra na boca - Divulgação/ Noelle Soren
Arqueologia

Arqueólogos podem ter desvendado 'mistério' de esqueletos encontrados com pedras na boca

Foram encontrados esqueletos enterrados com pedras na boca e sobre o corpo em um cemitério romano

Ingredi Brunato Publicado em 08/02/2023, às 16h00

Um cemitério localizado na região central da Itália que remonta ao século 5, época do declínio do Império Romano, pode revelar as superstições da população da época através de suas práticas funerárias. 

O sítio arqueológico, que é explorado desde 1980, é o local de descanso dos esqueletos de bebês, crianças e cachorros, que provavelmente teriam sido sacrificados e enterrados no local para fornecer 'proteção' aos pequenos — segundo informações do LiveScience. 

Em algumas covas, por sua vez, os pesquisadores encontraram enterros com elementos incomuns, como o de uma criança que foi sepultada com um bloco de pedra na boca. Em 2018, foi teorizado que os moradores da região chegaram a acreditar que ela era uma vampira.

Mais recentemente, no entanto, os arqueólogos estudando o lugar chegaram a outra conclusão, que acreditam ser provável: os aldeões temiam que os cadáveres de seus entes queridos fossem ressuscitados por entidades malignas. 

Crenças supersticiosas 

Um detalhe relevante para a análise da prática funerária inusual é que muitos dos indivíduos sepultados no cemitério romano teriam sofrido com malária em vida. O surto da doença, assim, poderia ter contribuído para o desenvolvimento de superstições na comunidade, que buscava entender o que acontecia. 

Havia um medo tremendo de mortos-vivos e de forças misteriosas [como bruxas] que poderiam aproveitar os espíritos dos mortos para seus próprios objetivos”, explicou David Soren, um dos líderes da missão arqueológica que explora o local, em entrevista ao LiveScience. 

O pesquisador acrescentou ainda que as pedras encontradas em algumas covas, que ficavam sobre a boca ou o corpo do cadáver, eram "vistas como apotropaicos", isso é, objetos capazes de "evitar o mal". 

Vale mencionar que, embora boa parte da população do Império Romano tenha se convertido ao cristianismo durante aquele período, essas superstições reinariam tanto entre os cristãos quanto entre aqueles que não eram adeptos dessa religião. 

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