Após Musk comparar Taiwan com Havaí, ministro diz que Taiwan ‘não está à venda’

Joseph Wu, ministro das Relações Exteriores de Taiwan, expressou fortes críticas ao empresário Elon Musk, reafirmando que a ilha não está à venda e defendendo sua soberania, após Musk comparar Taiwan ao Havaí, um território dos Estados Unidos, em recentes declarações.

Eu entendo bem a China. [...] A política [de Pequim] tem sido reunir Taiwan à China. Do ponto de vista deles [regime chinês], talvez [Taiwan] seja análogo ao Havaí [território dos EUA] ou algo parecido, como uma parte integrante da China que arbitrariamente não faz parte da China porque a Frota do Pacífico americana tem interrompido quaisquer esforços de reunificação pela força", disse Musk em uma entrevista a um podcast.

Essas palavras provocaram indignação em Taipé, levando o Ministro Wu a reagir com veemência. Além de reiterar a soberania da ilha, que mantém um governo autônomo, Wu sugeriu que Elon Musk solicitasse ao Partido Comunista Chinês o acesso dos cidadãos chineses à plataforma X (antigo Twitter), já que a rede social é bloqueada no país.

Musk, proprietário da plataforma X e é conhecido por fundar diversas empresas de tecnologia. O ministro taiwanês também destacou que Elon recusou-se a permitir que a rede de satélites Starlink, de sua empresa SpaceX, fosse utilizada para um ataque com drones aquáticos contra a base da Frota do Mar Negro da Rússia, em Sebastopol (Crimeia), no ano passado. Musk alegou temer uma resposta nuclear por parte da Rússia.

Interesses comerciais

As críticas de Joseph Wu foram ecoadas por Jeff Liu, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, que acusou Musk de “bajular cegamente a China” e argumentou que seus comentários eram motivados por interesses comerciais, não devendo ser levados a sério. Liu enfatizou: “Não sabemos se o livre arbítrio de Musk está à venda, mas Taiwan não está”.

Essa não é a primeira vez que Elon Musk causa controvérsia com relação a Taiwan. Em maio, durante sua visita à China, ele afirmou que a integração de Taiwan à China era “inevitável”.

Segundo a Folha de S. Paulo, em outubro do ano passado, ele sugeriu que as tensões entre Pequim e Taipé poderiam ser resolvidas concedendo algum grau de controle sobre a ilha ao regime chinês.