Mark Zuckerberg, dono do grupo Meta - Getty Images
Meta

Após mudanças, Meta permite que usuários classifiquem gays e trans como 'doentes mentais'

Mudanças nas diretrizes têm validade em todos os países nos quais as redes sociais do grupo Meta estão em funcionamento

Redação Publicado em 08/01/2025, às 10h35

Após mudanças nas diretrizes da comunidade, publicações que associam "doenças mentais" à identidade de gênero ou orientação sexual passam a ser permitidas nas redes sociais da Meta a partir desta terça-feira. A atualização afeta plataformas como Instagram, Facebook e Threads e será válida em todos os países onde a empresa opera.

A nova versão das diretrizes, que substitui as regras de fevereiro de 2024, traz alterações significativas sobre gênero e imigração, conforme anunciado por Mark Zuckerberg. Entre as medidas, destacam-se o fim de checadores independentes e a flexibilização de filtros para remoção de postagens. O CEO declarou que buscava “eliminar várias restrições em tópicos como imigração e gênero”.

De acordo com especialistas, essas mudanças podem abrir espaço para discursos de ódio. No Brasil, atos ofensivos contra pessoas LGBTQIAPN+ já são enquadrados como injúria racial ou homotransfobia, conforme decisões do Supremo Tribunal Federal (STF).

Entre as alterações, a Meta permitirá conteúdo que relacione identidade de gênero ou orientação sexual a transtornos mentais, justificando que se tratam de debates "culturais e políticos", de acordo com o portal O Globo. Além disso, serão permitidas publicações que defendam limitações de gênero ou orientação sexual em profissões como ensino, forças armadas e polícia, desde que baseadas em crenças religiosas.

Outra novidade é a ampliação de discussões sobre exclusão por gênero em contextos como banheiros, escolas, papéis militares e policiais. A Meta afirma que avaliará a “intenção” por trás das postagens e poderá removê-las caso não seja claramente indicada.

A proibição de alegações que associam grupos específicos à disseminação da Covid-19 também foi eliminada. Na prática, será permitido, por exemplo, associar chineses à disseminação do coronavírus.

Apesar dessas mudanças, continuam proibidos conteúdos considerados graves, como discursos desumanizantes, comparações com animais ou patógenos, e negação do Holocausto. Insultos relacionados à aparência, capacidade mental e caráter, assim como calúnias que neguem a existência de grupos protegidos ou zombem de vítimas de crimes de ódio, também permanecem vedados.

Política americana

Especialistas acreditam que a mudança reflete um alinhamento da Meta com o cenário político dos Estados Unidos. Andréa Janer, CEO da consultoria Oxygen, afirma que as ações de Zuckerberg mostram uma aproximação com a agenda de Donald Trump, que critica pautas progressistas. Ela destaca a influência do vice de Trump, JD Vance, no setor tecnológico.

João Finamor, professor de Marketing Digital da ESPM, concorda. Ele prevê que as redes sociais da Meta adotarão uma postura mais “tolerante” a conteúdos radicalizados, similar ao observado no X (antigo Twitter), sob a liderança de Elon Musk.

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