Análise de resíduo em vaso representando o deus anão Bes pode sugerir alucinógeno usado para recriar mitos egípcios antigos; entenda!
Éric Moreira Publicado em 18/11/2024, às 12h32
Pesquisadores descobriram recentemente evidências de um antigo ritual alucinógeno que, no passado, pode ter ajudado os egípcios a recriar uma lenda em que o deus anão Bes engana a deusa do céu. Os restos foram encontrados dentro de um vaso de 2.200 anos representando Bes, deus associado ao parto, à alegria e à música.
Em um artigo publicado no periódico Scientific Reports, a equipe responsável pela descoberta relata que, após análises, foi constatado que a bebida encontrada dentro do vaso poderia ter induzido aquele que a bebesse a sofrer alucinações.
Ali, havia resíduos de arruda selvagem (Peganum harmala), lótus egípcio (Nymphaea nouchali var. caerulea) e uma planta do gênero Cleome — todas descritas no artigo como detentoras de "propriedades psicotrópicas e medicinais" —, e sementes de gergelim, pinhões, alcaçuz e uvas, sendo esse um composto comum "para fazer a bebida parecer sangue", segundo comunicado da equipe.
Além disso, também foram detectados alguns restos de fluidos corporais humanos, saliva, o que sugere que a mistura tenha sido bebida por pessoas, e sangue, que teria sido inserido como ingrediente na mistura, conforme explicado pelos pesquisadores.
As descobertas recentes levam a equipe de pesquisadores a pensar que aquele vaso representando Bes, bem como a mistura alucinógena encontrada ali dentro, era parte de algum tipo de ritual para recriar o "Mito do Olho Solar".
Segundo o Live Science, nessa história, Bes acalmou a deusa do céu Hathor, associada à fertilidade, em sua sede de sangue, "servindo-lhe uma bebida alcoólica, misturada com uma droga vegetal, disfarçada de sangue, para um sono profundo e esquecido", conforme descrito no artigo. "Seria possível inferir que este vaso Bes foi usado para algum tipo de ritual de reconstituição do que aconteceu em um evento significativo no mito egípcio", acrescentam os pesquisadores.
Porém, também há quem acredite que o alucinógeno tenha sido utilizado até em tentativas de prever o futuro. "Um ritual ligado ao culto de Bes durante os períodos greco-romanos envolvia a prática de incubação para propósitos oraculares, em que os consultores dormiam nas Câmaras de Bes em Saqqara para obter sonhos proféticos", explica o artigo.
Vale mencionar que o deus também era associado ao parto, portanto, possivelmente muitas mulheres iriam nesses oráculos para conseguir mais informações sobre como seriam suas gestações, considerando que na antiguidade elas eram repletas de perigos, explica o curador de arte grega e romana no Museu de Arte de Tampa e co-autor do artigo, Branko van Oppen, em comunicado.
Egiptólogos acreditam que as pessoas visitavam as chamadas Câmaras de Bes em Saqqara quando desejavam confirmar uma gravidez bem-sucedida, porque as gestações no mundo antigo eram repletas de perigos. Então, essa combinação de ingredientes pode ter sido usada em um ritual mágico indutor de visões de sonho dentro do contexto desse período perigoso de parto", conta van Oppen.
Hoje, o vaso representando Bes está no Museu de Arte de Tampa, localizado na Flórida, Estados Unidos, e foi adquirido em 1984 de um colecionador particular, que o comprou na Galeria de Arte Maguid Sameda no Cairo, em 1960. No entanto, não há informações sobre o local em que foi encontrado originalmente.
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