Combatentes aristocratas podem ter ligação com a batalha que culminou com o fim de Amílcar Barca
Fabio Previdelli Publicado em 19/08/2019, às 13h00
Arqueólogos descobriram 25 túmulos de guerreiros aristocratas ibéricos. As tumbas são datadas de cerca de 2.600 anos e junto com elas outras centenas de relíquias foram encontradas – mais de 400 ossos de animais, o que sugere que o sacrifício fazia parte dos rituais funerários da época.
As expedições começaram há 6 anos em Castilla-La Mancha, localizada cerca das colinas do parque arqueológico de Alarcos, nas margens do Rio Guadiana. A região têm cerca de 22 hectares de área e abriga evidências fundamentais para conhecer o passado – com registros que vão desde a Idade do Bronze, através dos períodos romanos e visigodo, até as invasões muçulmanas do final do século 8 na Península Ibérica.
Acredita-se que os sepultamentos nessa época eram feitos de forma hierárquica. Junto com os corpos, os pesquisadores recuperaram 320 objetos enterrados com os guerreiros, mais de 30 deles eram esculpidos com ouro.
Alguns túmulos instigaram os pesquisadores, o primeiro deles pode ter pertencido a um príncipe, acredita-se nisso pelo fato da estrutura ter sido construída com grandes blocos de pedras. Outros também chamaram atenção pois abrigavam duas mulheres, elas foram sepultadas juntas de diversas armas.
O arqueólogo David Rodríguez entende que o achado poderia indicar que os ibéricos não tiveram apenas papéis secundários nas civilizações mediterrâneas. O pesquisador ainda explica que a descoberta afirma cada vez mais a relevância da figura feminina, no entanto, salienta que afirmar que havia uma igualdade entre homens e mulheres seria “se aventurar demais”.
A presença das armas não significa que elas tenham de fato lutado em campo de batalha: “todas as pessoas enterradas aqui, pertenciam à elite. Quando essas mulheres são enterradas com armamentos, significa que elas pertenciam a determinado grupo social”, conclui Rodríguez. Por isso, elas faziam parte desse status que acompanha os outros homens no mesmo espaço fúnebre.
Esses aristocratas podem ter lutado na batalha que culminou com o fim de Amílcar Barca – importante estadista e general cartaginês que foi responsável pela conquista da Hispânia (atual Portugal, Espanha, Andorra, Gibraltar e uma pequena parte do sul da França).
Em 228 a.C, líderes do povo Íbero Oretanos enfrentaram as tropas cartaginesas, combatendo seus temíveis elefantes de guerra. Embora os documentos históricos sejam imprecisos, alguns pesquisadores defendem que soldados ibéricos tenham conseguido instaurar o caos entre as tropas cartaginesas usando touros com chifres em chamas.
Agora, os arqueólogos buscam vestígios que possam ligar os guerreiros que derrotaram Barca com os túmulos encontrados. “Não temos fontes escritas que possam confirmar que esse grupo estava lá”, explicou David Rodríguez. No entanto, ele afirma que “eles quase certamente tiveram que participar de eventos similares em seu tempo”.
Novas expedições estão sendo planejadas para desvendar essa descoberta histórica, a equipe de pesquisadores se prepara para novas escavações na região durante o mês de setembro. Desta vez, o grupo terá o auxilio de voluntários do curso de história da Universidade Castilla-La Mancha, a principal missão será analisar as estruturas sociais entre os diferentes corpos encontrados.
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