Diariamente mais de 40 navios com imigrantes chegavam à cidade. A maioria da Irlanda
Tania Menai// Adaptado por Luisa Alves Publicado em 21/08/2022, às 10h00
Em 1850, Nova York era bem diferente da cidade que hoje recebe milhões de turistas
por ano. Naquela época, quem chegava eram imigrantes que fugiam da pobreza que
assolava a Europa. Ao longo da década de 1840, o número de estrangeiros que desembarcaram na cidade foi o mesmo que a soma da população total de 20 anos antes.
Dentre os imigrantes, o maior contingente era de irlandeses. Em 1847, cada um dos 40 navios vindos diariamente da Irlanda despejaram 700 imigrantes na cidade. Em uma década, 1 milhão de irlandeses aportaram em Nova York. Cerca de 100 mil se fixaram na cidade e passaram a disputar empregos e espaço com os ex-escravos negros. E havia
mais: 40 mil alemães, 55 mil italianos, além de gregos, húngaros e poloneses.
Nenhuma cidade do mundo havia lidado, até então, com uma quantidade tão grande de gente chegando de uma só vez. A concentração populacional cresceu e ultrapassou 300 pessoas por hectare, um número nunca antes visto por qualquer cidade americana. Na parte sul da ilha de Manhattan, todo canto era ocupado e surgiram enormes cortiços.
Em 1850, a crise social era evidente: milhares de crianças perambulavam pela cidade – tanto que uma lei foi criada para que menores entre 5 e 15 anos fossem resgatados e institucionalizados. Miséria, fome, desabrigados e ignorância: prato cheio para doenças como a cólera.
Abaixo, confira 6 curiosidades sobre a Nova York de 1850
O clima de exclusão entre os imigrantes foi propício para a formação de gangues, uma forma de se protegerem e conquistarem poder. Nos anos seguintes, salões, clubes sociais e de trabalhos voluntários passaram a organizar a participação dessas comunidades e permitiram a ascensão social das minorias.
O clima de rivalidade social explodiu num quebra-quebra sem precedentes. Na noite do
dia 10 de maio de 1949, 8 mil pessoas invadiram um teatro onde a classe alta assistia a
uma peça de Shakespeare. Para controlar o tumulto, a polícia atirou na multidão, matando 22 pessoas e ferindo mais de 150.
Para atenuar os efeitos da pobreza, surgem organizações como o Lar dos Sem Amigos, a
Sociedade de Alívio aos Pobres, a Sociedade para Restauração dos Jovens Delinquentes, Sociedade para Viúvas Pobres com Crianças Pequenas e a Casa Cristã para Mulheres Trabalhadoras.
A cidade foi tomada pela segregação religiosa, social, racial e étnica. Uns
odiavam os outros. Ricos e pobres eram quase divididos por castas. Negros sentavam na parte superior das igrejas. O sentimento de revolta contra os ingleses também era algo crescente entre as diversas comunidades estrangeiras.
Com medo do crescente número de católicos na cidade, organizações protestantes, como a Sociedade Guardiã, mesclavam caridade com ações missionárias e limitavam sua assistência aos que os protestantes consideravam “pobres merecedores”. A Sociedade de Ajuda Infantil oferecia abrigo, cama, banho, sopa de feijão com carne de porco e, é claro, os ensinamentos protestantes. Tudo isso por 17 centavos a noite.
Trabalhadores revoltados atracamse com a classe mais alta, irlandeses brigam com ingleses, brancos enfrentam negros. Na chamada Bloody Sixth (“Sexta Avenida Sangrenta”), gangues de católicos lutam contra protestantes pelo controle das ruas – tudo isso provocou uma debandada da classe média para a parte norte da cidade. Foi assim que a Quinta Avenida foi se sofisticando.
Para saber mais curiosidades históricas, ouça agora o podcast abaixo 'Desventuras na História', apresentado pelo professor de História Vítor Soares, idealizador do podcast 'História Em Meia'.
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