Última rainha do Egito, a trajetória de Cleópatra carrega fatos curiosos
Thiago Lincolins Publicado em 26/04/2023, às 17h20 - Atualizado em 11/05/2023, às 19h57
Sem dúvidas, um das mais poderosas mulheres que já existiram foi Cleópatra VII. Última rainha do Egito, ela era inteligente, foi responsável por acordos políticos e comerciais, e fez o Egito resistir enquanto um novo império surgia: o Romano.
Mais de 2 mil anos depois de sua morte, o anúncio de uma série documental da Netflix, ‘Rainha Cleópatra’, a respeito da ilustre trajetória da rainha trouxe o nome de Cleópatra aos noticiários. Isso porque a produção, já disponível no streaming, escalou uma atriz negra para interpretar a rainha, incitando novamente o debate a respeito da origem de Cleópatra.
A pergunta é difícil de responder, afinal, pouco se sabe sobre a origem de Cleópatra: seus restos mortais nunca foram encontrados e, é improvável que a cor exata fosse documentada na época. O pouco que se sabe vem de seu pai, Ptolomeu XII, rei da Dinastia Ptolomaica, que governou o Egito. Vale destacar que eles tinham origem greco-macedônica e não egípcia.
Uma das grandes biografias que resgata a trajetória da rainha de maneira prática e objetiva é ‘Cleópatra: Como a última rainha do Egito perdeu a guerra, o trono e a vida e se tornou um dos maiores mitos da história’, escrita por Arlete Salvador. Além de destacar a trajetória da rainha, a autora apresenta também a vida no Antigo Egito e histórias curiosas sobre a dinastia ptolemaica, que você confere abaixo.
Cleópatra foi a última rainha da Dinastia Ptolomaica, que, embora não tenha alcançado a fama dos antigos faraós, foi capaz de conseguir o respeito do povo. Quem fundou a dinastia foi Ptolomeu I, que estabeleceu os limite geográficos do Egito, no entanto, foi Ptolomeu II, o próximo na linha de sucessão, quem iniciou a tradição do incesto na dinastia.
Ele foi casado com Arsione II, sua irmã. No entanto, se engana quem imagina que o episódio não causou um escândalo na época, afinal, não era aceito na Grécia ou na Roma. "Era coisa do ‘místico Egito'", explica Salvador na biografia.
Foi após o casamento de Ptolomeu II, que a união entre irmãos se tornou comum. A obra explica que o incesto era tratado com naturalidade e que "é possível especular que os novos regentes egípcios seguissem a tradição dos faraós por razões políticas. Repetindo o comportamento dos antecessores, buscavam apoio e respeito populares", continua o livro. Historiadores acreditam que Cleópatra tenha se casado, em diferentes linhas de tempo, com dois irmãos, ainda na infância deles.
Apesar de admirado pela população, o reinado dos antigos ptolomeus também encontrou turbulências. Como explicado na biografia de Alerte Salvador, o avô de Cleópatra, Ptolomeu XI, enfureceu a população ao mandar matar a mulher.
“Foi o povo quem botou para correr, por exemplo, Ptolomeu XI, o avô de Cleópatra. Ele havia mandado matar a mulher, a Berenice de número III, que era uma figura muito popular na época. O episódio abriu caminho para a ascensão de Ptolomeu XII ao poder”, explica a biografia.
Cleópatra era filha de Ptolomeu XII, que foi considerado ‘ilegítimo’, ou seja, bastardo. Antes disso, no entanto, é necessário entender as relações no Egito Antigo. Naquela época, os reis tinham uma esposa, a oficial, e também uma consorte. Ao mesmo tempo, o faraó também poderia ter ‘esposas extraoficiais’, explica a biografia. “Essas esposas de segunda categoria viviam em palácios-haréns e seus filhos eram herdeiros de segunda classe”, explica a autora.
Assim, fica a dúvida: essas pessoas poderiam assumir o trono? Bom, oficialmente, os filhos que nasceram a partir do casal ‘oficial’ assumiriam o posto máximo, no entanto, a situação mudaria na ausência de um homem. Isso porque, neste caso, o filho da ‘esposa de segunda categoria’ poderia ser escolhido. Foi isso que fez o pai de Cleópatra ascender ao poder.
“Ptolomeu XII recebeu a coroa quatro anos depois, mas, sem a legitimidade garantida por sangue, teve um reinado difícil e conturbado”, destacou a autora no livro. Como consequência, passou a ser instigado não só por nomes de poderosos de Roma, mas também pela própria família.
Determinada como corregente de Ptolomeu XIII, seu irmão, Cleópatra era quem parecia governar o Egito. Um exemplo citado na biografia ‘Cleópatra: Como a última rainha do Egito perdeu a guerra, o trono e a vida e se tornou um dos maiores mitos da história’, é que o nome de Ptolomeu costumava aparecer abaixo do nome da irmã em documentações oficiais.
No entanto, ela acabou banida do Egito por Ptolomeu XIII. Sem saída, precisou fugir para escapar da morte. “Acredita-se que ela tenha se exilado na Síria com a ajuda de parentes e aliados”, aponta a biografia. A história só foi outra quando Cleópatra bolou um engenhoso plano. Ao entrar escondida no palácio onde se encontrava Júlio César, conseguiu com que ele dividisse o trono egípcio entre ela e o irmão.
Em um acordo negociado entre Cleópatra e Marco Antônio, o Egito seria responsável pelo fornecimento de armas e homens, enquanto receberia frações do território romano em troca. Com o acordo, "Antônio transferiu para Cleópatra o domínio sobre uma leva de províncias romanas e concordou em matar a irmã da rainha, Arsinoe", explica a biografia.
Ela, que foi presa após ordens de Júlio César, representava uma ameaça para Cleópatra, que queria impedir que um possível herdeiro tivesse a ideia de reivindicar o trono.
A vida e morte de Cleópatra VII é abordada no podcast da Aventuras na História, o 'Desventuras na História'. O episódio tem narração de Vítor Soares, que é professor de História e também o idealizador do podcast 'História em Meia Hora'.
O episódio destaca a vida e a morte da figura eternizada na história da civilização que prosperou às margens do Nilo.
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