Após derrotar a Alemanha, Estados Unidos e União Soviética entraram em conflito armado pelo controle
Natália Rangel // Edição Izabel Duva Rapoport Publicado em 03/04/2022, às 08h00
Assim que a Segunda Guerra terminou, a Europa estava destruída e duas jovens e superpoderosas nações surgiam: Estados Unidos e União Soviética. Aliados contra
Hitler, a amizade entre as duas, no entanto, não durou muito e rapidamente as duas superpotências estavam em lados opostos do mundo.
A separação irreconciliável veio a partir das negociações de retirada das tropas da Europa. Os soviéticos insistiam em manter sua influência nos territórios que haviam libertado, como Polônia, Romênia e Iugoslávia, e os americanos ergueram bases militares na Alemanha, Itália e Turquia. Em fevereiro de 1947, o ex-presidente dos Estados Unidos, Harry Truman, discursou no Congresso americano e disse que iria lutar sem tréguas contra a expansão comunista.
Começava a Guerra Fria, um duelo tenso, baseado na ameaça constante de um conflito entre as duas superpotências que possuíam arsenais militares, incluindo armas atômicas, capazes de destruir o inimigo e, de quebra, levar todo o mundo junto. Assim, sentado sob um barril de megatons, o planeta viveu por mais de 50 anos, até o colapso da União Soviética em 1991.
“Com o fim da Guerra Fria e a abertura de documentos secretos nos Estados Unidos e na Rússia, o mundo ficou sabendo que as chances de a guerra esquentar foram bem grandes”, afirmou o historiador John Modell.
Espionagem, generais malucos, bombas desaparecidas e computadores ruins quase levaram o mundo à destruição. “Os soviéticos declararam alertas nucleares 143 vezes, e entre os americanos, que tem um intrincado código de cores para classificar ameaças à segurança nacional, estima-se que o presidente pôs o dedo no gatilho pelo menos 20 vezes”, disse.
Cinco anos depois de derrotar a Alemanha, os ex-aliados Estados Unidos e União Soviética meteram-se num conflito armado pelo controle da Coreia, que deixou uma ameaça de guerra nuclear e, ao final, um sensível aumento nas hostilidades entre as duas potências.
A península da Coreia se dividia em dois Estados: a República da Coreia, capitalista, no sul, e a República Popular Democrática da Coreia, comunista, no norte. Em julho de 1950, o exército norte-coreano cruzou a fronteira e tomou Seul, a capital da Coreia do Sul.
A ONU condenou o ataque e enviou forças, comandadas pelo general americano Douglas MacArthur, um herói da guerra contra os japoneses, para expulsar os invasores. Após cinco dias de guerra, os 70 mil soldados norte-coreanos são vencidos pelos 140 mil soldados das Nações Unidas e Seul é libertada.
O general MacArthur parte com as forças internacionais para a capital da Coreia do Norte, Piongiang, mas a China de Mao Tse-Tung reage, enviando 300 mil soldados para a Coreia do Norte. As forças da ONU são expulsas.
MacArthur insistiu na ampliação do conflito: pediu um ataque nuclear à China. Naquele tempo, o controle das armas não era atribuição exclusiva do presidente, e durante algumas semanas, muita gente acreditou que MacArthur iria atacar a China.
As intenções do general repercutem em Moscou e, para acalmar os ânimos soviéticos, o ex-presidente Harry Truman o repreendeu publicamente. Mas MacArthur não se deu por vencido e enviou cartas aos congressistas americanos debochando do recuo frente ao avanço comunista.
Antes que a situação saísse de controle, no entanto, Truman substituiu MacArthur pelo ex-general Ridway, que iniciou as negociações de paz que resultaram num acordo assinado em 1953.
*Esse é a primeira parte da reportagem 'A ameaça constante do apocalipse nuclear', da edição 227.
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